quinta-feira, 24 de abril de 2025

"Os Galgos do Niassa" na CTMAD - LISBOA

Armando Palavras, Barroso da Fonte, Hirondino Isaías e Carvalho de Moura


 Ontem na Casa de Trás-os Montes e Alto Douro de LISBOA




O conteúdo deste volume é um conjunto de crónicas que o autor escreveu para o jornal Notícias do Barroso, enquanto cumpria o serviço militar obrigatório em Moçambique, como Alferes.

O mesmo fez outro Barrosão, pela mesma altura, para o jornal Notícias de Chaves, Barroso da Fonte.

Ambos têm em comum o facto de não quererem reescrever a História. Limitam-se a descrever os factos que observaram, sem interpretações obscuras.

Carvalho de Moura di-lo com clareza, na sua introdução: “Muito se tem escrito sobre a guerra colonial mas quase sempre a deturpar a verdade”.

“Os apontamentos da minha Guerra Colonial retratam ou procuram retratar o dia a dia dos militares que combateram em África, tão longe dos preconceitos do salazarismo como da onda revolucionária do 25 de Abril de 1974”.

E, de facto, assim é. Na sua primeira crónica descreve a Mobilização e embarque no Vera Cruz, destacando a passagem no Cabo das Tormentas, onde destaca o nome dos heróis da nossa História: “... quando o barco chegou ao Cabo das Tormentas nem vos conto. Nessa altura é que eu dei valor ao nosso Vasco da Gama. Aquilo é mesmo só para aventureiros, loucos e heróis”.

Seguem para o posto de Nacala, no norte de Moçambique. Para trás tinham ficado Luanda e Lourenço Marques. Aí, onde a influência da África do Sul era notória, o Batalhão teve o tempo necessário para descontrair. Episódios como os do Amarante são descritos com crueza.

No Destacamento, em Napurama, a vida era calma, apenas se ouvia o ruído da floresta. Aí comandou o Destacamento, coadjuvado por alguns furriéis. Tinha com eles boas relações, especialmente com o furriel Borges, natural de Vinhais.

A rotina, contudo, levou à inação e à irresponsabilidade de, por vezes, saírem à caça na selva, durante a noite. Além destes momentos do quotidiano, o autor também recorda momentos trágicos: a emboscada no Nicoleze, uma operação de vigilância, pelo meio de picadas que atravessavam a floresta. Por vezes efectuavam operações de maior vulto, onde participavam as Berliets e os Unimógs. Numa dessas operações, para os lados do rio Lugenda, num rebentamento, uma das Berliets foi destruída, cujos estilhaços provocaram, 18 dias depois, a morte do “Mil e um”.

Por vezes chegavam noticias tristes, como a morte do Alferes Fraga de Carvalho que sucumbiu ao veneno de uma flecha atirada por uma velha Maconde. 

As madrinhas de guerra, os aerogramas e o seu conterrâneo Barroso da Fonte, também ele Alferes e veterano da Guerra em Angola, são lembrados nestas memórias pessoais.

Além da impreparação dos militares, mobilizados à pressa, Carvalho de Moura não esquece as condições a que os mesmos estavam sujeitos no mato, ao qual se adaptavam excepcionalmente.

No rol descrito neste volume são mencionadas grandes operações como a dos “Galgos saltam a fogueira” e a dos “Galgos pintam a manta”. Ou ainda a intervenção no Rio Lugenda, apresentando valiosas ilustrações sobre os meios de locomoção (Berliets, Inimógs …), construções de abrigos, grupos de cipaios que davam apoio em Napurama.

Na página 64 descreve a maior tragédia de toda a guerra colonial, ocorrida no Rio Zambeze. Foi a 21 de Junho de 1969. Morreram afogados 101 militares – 1 Alferes e 1 Furriel – 10 Cabos milicianos e 88 soldados; e mais 7 elementos da tripulação do batelão que fazia a travessia entre Chupanga e Mopeia.

São abordadas as causas do acidente, os relatos dos sobreviventes, recolhidos por Fernando Madaíl, do Correio da Manhã, e é dado o devido relevo aos irmãos Campira que salvaram cerca de 1/3 dos sobreviventes.

A título de epílogo desta tragédia militar, o autor transcreve um trabalho de João Soares Tavares, publicado no Notícias do Barroso a 3 de Outubro de 2020.

Este livro não é um volume de ideologia. É, tão só, um “manual” que descreve factos.

 

Armando Palavras

Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro de LISBOA

23-04- XXV

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