BARROSO da FONTE |
No período de tempo, desde a primeira dedicação ao
estudo do Castanheiro e da Castanha, já saíram das universidades Portuguesas
ninhadas de técnicos e de técnicos superiores que não fizeram tanto por este
tema universal, como Jorge Lage, o autor desta Antologia
que anuncia para breve.
Este relevante contributo individual merecerá que no
próximo dia mundial da Árvore, todos os cidadãos que sejam sensíveis a este
apelo, promovam um programa em que possam participar, em consonância com as
regras da Direção - Geral da Saúde todos aqueles que desejem manifestar o seu
apreço pelo excelente exemplo de Jorge Lage, um cidadão comprometido com uma
causa de interesse público que remonta aos primórdios da humanidade.
Infelizmente o Portugal dos nossos dias, depois de
esventrar a agricultura e de, anualmente, assistir à redução, a cinzas das
Florestas que tanta falta fazem à sociedade vivente, não tem um poder político
capaz de garantir aos milhares de cidadãos que vivem ao deus-dará, sem
compensações reais, oportunas e ajustadas para as calamidades naturais.
A adesão à União Europeia destruiu a agricultura, nua
e pura. Ela foi, na minha geração, a tábua de salvação para o país real. Era
custosa, árdua e ingrata para quem nela investia o seu esforço pessoal,
familiar e comunitário. E também a sua ânsia de produzir mais e melhor. A
agropecuária prosperava. Quem tivesse mais terras, mais plantios e mais
astúcia, singrava.
Quando os lavradores tiveram acesso à maquinaria, à
modernidade e ao exemplo dos vizinhos mais ousados, imitavam as boas práticas e
a agricultura compensava. A guerra do Ultramar, a emigração e o fascínio de
formação dos mais protegidos da sorte, graças ao fim da guerra e à introdução
do sistema político que teria de dar-se, fosse pelo processo que foi, fosse por
outro equiparado, tudo mudou. Os excessos escavaram a sociedade. Em vez da
liberdade moderada, logo se viu que iria chegar uma libertinagem difícil de
controlar. Em vez do emprego e do investimento tecnológico chegaram o
desemprego, a destruição massiva dos postos de trabalho e a desmotivação
empresarial. Os experimentados técnicos florestais, analistas de variedades
arbóreas, autoridades científicas de espécimes nocivas, destruidoras e
contagiosas, deram lugar a politiquelhos de meia tigela que vão passar à
história como coveiros dos bons costumes da raça que os pariu.
Um exemplo caseiro. Conheço um caso demonstrativo do
pântano em que caímos. Há cerca de quinze anos um popular da minha aldeia
plantou 52 castanheiros numa propriedade que, anos antes dava batatas e
centeio. Adquiridos numa empresa vizinha, foram crescendo. Dez dessa meia
centena secaram. Três dúzias chegaram a ter ouriços. Mas em 2019 os ouriços já
nem deram ouriços e no ano em curso nem ouriços nem sinal de vida, ao que se
supõe, por causa do escaravelho desse tipo de árvore que nestes dois anos
seguidos, revelaram total fracasso.
Num tempo e numa região propícia para o desenvolvimento do castanheiro, sabendo-se que desde tempos idos, constituiu uma fonte de receita para agregados familiares nesta quadra do ano, o ministério competente deveria informar-se para formar e informar os proprietários. Não basta dizer que existe um serviço, em tal parte que explica isto ou aquilo sobre o novo parasita do castanheiro. Esses serviços não devem esperar que os lavradores se desloquem à sede de concelho, na vila ou na cidade, para se informarem. Devem ser informados nos locais «do crime» por quem lhes deu a formação e lhes paga a mensalidade. Vivemos num tempo do «salve-se quem puder». Já não por causa da pandemia. Mas sim por causa da incompetência, da impreparação e da lei do salve-se quem puder. Barroso da Fonte
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