quinta-feira, 23 de abril de 2020

Cá fora choram os mortos, lá dentro batem palmas!

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BARROSO da FONTE

A pandemia que assolou o planeta Terra foi um aviso à Humanidade. De repente pararam as guerras, deixou de haver fortunas e afortunados, caiu o verniz de muitos ídolos de cera, todos descemos à terra e, ao mesmo nível, com que viemos ao mundo.
Ricos e pobres, brancos e negros, altos e baixos, doentes e sãos, feios e bonitos, todos nos metemos em casa e, adeus Portugal que vou p´ró maneta...Diz o ditado que «quem tem cu tem medo».
A «malta» da minha geração queixava-se de que foi a mais sacrificada, porque foi à guerra dos outros (os profissionais das armas) e que, por eles, foram traídos. Ninguém o pode negar. Mas de repente, foram-se as promoções administrativas, os generais andam por aí a reboque de políticos menores, os ladrões de colarinho branco, encheram os tribunais, os causídicos de fama são disputados pelos maiores criminosos, as cadeias abarrotam, como pintainhos de aviário e os presos são soltos, para voltarem ao crime, na primeira curva da praça.                                                                                                                                                                         Há um século atrás (1918/1920), mal acabou a primeira Guerra mundial, veio a Febre Espanhola que teve muitos mais mortos do que a Covid-19 já provocou em três meses. Estas cíclicas assimetrias planetárias, são cegas porque não são democráticas. Ou seja: fazem parte da erosão que tanto atinge os humanos, como os irracionais, a fauna e a flora, como o granito, as montanhas como o fundo dos mares.
Democracia, totalitarismo, justiça, pobreza, riqueza, igualdade, isenção, igualitarismo, fraternidade, ódio, traição, fidelidade, são conceitos efémeros aos quais a política pretende responder com a lei natural imposta pelo panteísmo pagão.
A religiosidade surge do medo. E se, quem tem cu tem medo, para os viventes, a religião é uma espécie de fortaleza intransponível, que os políticos utilizam, como dardos flamejantes que perfuram as convicções e os sentimentos. É pela via da dialética que a demagogia, através da oratória, tal como Platão a definiu, entrou na condução dos povos como contágio imanente e destruidor.
Escrevo a esta reflexão no momento em que decorre no Parlamento o debate quinzenal, às 17 h do dia 22/4. Nenhum exemplo mais claro do que esta algazarra democrática, com a maioria a bater palmas ruidosas de contentamento, pelos sucessos, em número de mortos e daquilo que se fez, tendo obrigação de ser feito, enquanto as minorias acenam com a cabeça em sinal contrário. Enquanto, cá por fora do Parlamento, milhares de famílias choram as muitas centenas de mortos e infetados com a pandemia que diariamente aumentam todas as percentagens, lá dentro, visionam-se e ouvem-se palavras e gestos que contrastam com o dever cívico dos eleitos que, aos microfones do povo, puxam para gáudio partidário. Cá fora, choram; lá dentro divertem-se; quando não dormem, lêm as revistas cor-de-rosa, ou trocam mensagens piedéticas, quiçá erótica que não fúnebres!
                                                           

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