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BARROSO da FONTE |
A pandemia que assolou o planeta Terra foi um
aviso à Humanidade. De repente pararam as guerras, deixou de haver fortunas e afortunados,
caiu o verniz de muitos ídolos de cera, todos descemos à terra e, ao mesmo
nível, com que viemos ao mundo.
Ricos e pobres, brancos e negros, altos e
baixos, doentes e sãos, feios e bonitos, todos nos metemos em casa e, adeus
Portugal que vou p´ró maneta...Diz o ditado que «quem tem cu tem medo».
A «malta» da minha geração queixava-se de que
foi a mais sacrificada, porque foi à guerra dos outros (os profissionais das
armas) e que, por eles, foram traídos. Ninguém o pode negar. Mas de repente, foram-se
as promoções administrativas, os generais andam por aí a reboque de políticos
menores, os ladrões de colarinho branco, encheram os tribunais, os causídicos
de fama são disputados pelos maiores criminosos, as cadeias abarrotam, como
pintainhos de aviário e os presos são soltos, para voltarem ao crime, na
primeira curva da praça.
Há um século atrás (1918/1920), mal acabou a primeira Guerra mundial,
veio a Febre Espanhola que teve muitos mais mortos do que a Covid-19 já
provocou em três meses. Estas cíclicas assimetrias planetárias, são cegas
porque não são democráticas. Ou seja: fazem parte da erosão que tanto atinge os
humanos, como os irracionais, a fauna e a flora, como o granito, as montanhas
como o fundo dos mares.
Democracia, totalitarismo, justiça, pobreza,
riqueza, igualdade, isenção, igualitarismo, fraternidade, ódio, traição, fidelidade,
são conceitos efémeros aos quais a política pretende responder com a lei
natural imposta pelo panteísmo pagão.
A religiosidade surge do medo. E se, quem
tem cu tem medo, para os viventes, a religião é uma espécie de fortaleza
intransponível, que os políticos utilizam, como dardos flamejantes que perfuram
as convicções e os sentimentos. É pela via da dialética que a demagogia,
através da oratória, tal como Platão a definiu, entrou na condução dos povos
como contágio imanente e destruidor.
Escrevo a esta reflexão no momento em que
decorre no Parlamento o debate quinzenal, às 17 h do dia 22/4. Nenhum exemplo
mais claro do que esta algazarra democrática, com a maioria a bater palmas
ruidosas de contentamento, pelos sucessos, em número de mortos e daquilo que se
fez, tendo obrigação de ser feito, enquanto as minorias acenam com a cabeça em
sinal contrário. Enquanto, cá por fora do Parlamento, milhares de famílias
choram as muitas centenas de mortos e infetados com a pandemia que diariamente
aumentam todas as percentagens, lá dentro, visionam-se e ouvem-se palavras e
gestos que contrastam com o dever cívico dos eleitos que, aos microfones do
povo, puxam para gáudio partidário. Cá fora, choram; lá dentro divertem-se;
quando não dormem, lêm as revistas cor-de-rosa, ou trocam mensagens piedéticas,
quiçá erótica que não fúnebres!
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