Por BARROSO da FONTE
Na altura certa do S. Martinho, em Mirandela e na Casa de
Trás-os-Montes, de Braga foi apresentado o quinto livro sobre «o Castanheiro e
a Castanha», obra que reúne 318 quadras populares, cujos autores, fontes e
datas são metodologicamente mencionadas.
É seu autor um Mirandelense licenciado em História e oficial
miliciano, com a patente de Coronel que na vida profissional ocupou, através da
DREN nobres funções públicas, na Região Norte. Essa dispersão operacional
acometeu-lhe tarefas na área da florestação e, por simpatia, na especificidade
do Castanheiro. Na pausa da terceira idade, deparamos com o modelo ideal de
Transmontano: Família, Árvores e Livros. Se não há homens perfeitos, aceitemos
essa certeza: a perfeição no que o homem pode fazer. E aqui posso garantir que
Jorge Joaquim Lage – o Transmontano que aqui me traz – nasceu em Chelas,
freguesia de Cabanelas, concelho de Mirandela em Junho de 1948. Estudou no
Colégio da Boavista, em Vila Real, em cujo liceu teve passaporte para a vida
militar e académica, licenciando-se na Universidade do Porto.
Como Técnico Superior do Ministério da Educação, especializou-se
em Património Cultural e da Segurança das Escolas, incluindo o Curso de
Informática da Universidade Portucalense. Foi professor com funções
técnico-pedagógicas na Educação de Adultos (1981-1993), ficando ligado à
Extensão Educativa e ao PRODEP. Colaborou com o projeto Minerva da UM e membro
executivo da Comissão Organizadora de Alfabetização de Braga, onde foi delegado
Distrital de Segurança nas Escolas desde 1994 até se reformar. Aí liderou o
movimento fundou a Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro de que é o Sócio nº 1. Cumpriu
o serviço militar na Guiné, passando a disponibilidade como capitão do quadro
Permanente.
Mas um Transmontano que vem ao mundo para se fazer homem-Homem,
não faz apenas aquilo que apetece fazer para merecer o pão que come. Fez muito
mais. E é esse «muito mais» que traz a esta crónica quinzenal em A Voz de
Trás-os-Montes: a panóplia de artigos informativos sobre a mais diversificada
matéria florestal, alimentação, preocupações com a segurança, conselhos
agrícolas etc.
Possivelmente pela importância de fauna e da flora, Jorge Lage
dedicou especial atenção à Castanha e ao castanheiro. Poucos profissionais da
floresta terão sido tão propensos ao estudo, recolha e promoção deste
património tão popular como utilitário.
São já cinco obras que colocou no mercado livreiro, sobre este
tema. Mas são obras com selo de garantia, porque não resultaram de divagações
fortuitas ou cogitações casuístas. Para falar de um tema tão nobre, tão
acessível à humanidade e tão popular teve o cuidado de aprender primeiro e falar
depois. E não se limitou a falar daquilo que se faz na sua terra. Correu mundo.
E do que viu e ouviu depurou o sumo, em prosa e em verso, recolheu e aprimorou
receitas, deu conselhos e selecionou quadras populares, devidamente anotadas e
localizadas, numa coletânea a que Romanceiro da Castanha. Trabalho raro,
eventualmente único que certifica o seu autor como especialista universal. Mais
uma próxima apresentação deste Romanceiro poético sobre este poético produto,
será feita na Casa de Trás-os-Montes do Porto, em data a anunciar.
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