A Casa de
Trás-os-Montes e Alto Douro, de Lisboa, homenageou o Soldado Milhões, a 14 de
Abril, por ocasião do Centenário da famosa e maldita Batalha de La Lys, durante
a Primeira Grande Guerra. Esta viria a terminar, sete meses depois, pelas onze
horas, do dia 11, de Novembro, de 2018. Esta guerra foi de uma grande
envergadura em que lutaram de ambos os campos de batalha cerca setenta milhões
de militares e tombaram nas várias frentes de guerra uns nove milhões. A batalha
mais mortífera para o CEP (Corpo Expedicionário Português) deu-se na planície
de La Lys. Esta toca-me por vários motivos: pela dimensão das baixas do
exército português (alguém terá passado informação aos alemães porque fomos
atacados quando se ia processar à substituição das nossas tropas por ingleses);
por, mesmo estando feridos, carregarem na retirada o célebre Cristo das
Trincheira que se encontra no Mosteiro da Batalha (há quase 60 anos); por as
altas patentes militares enviarem os soldados para a frente desta guerra
clássica sem estarem treinados (diziam que aprendiam na frente de batalha - e
com que custos?); pela decisão trôpega da maçonaria reinante ter decidido um
grande envolvimento de Portugal por motivos imperialistas e colonialistas. Ainda
conservo os saberes que o meu pai me transmitiu, como o comboio vindo de
Bragança, cheio de soldados e que nem os deixaram parar em Mirandela com medo
que desertassem, dizia-se. O ex-Presidente do Município de Mirandela, Capitão
Ilídio Esteves (também foi Comandante da GNR) participou na 1.ª Grande Guerra.
Este quis que o meu avô materno também se alistasse, mas ele preferiu ficar-se
pela minha aldeia já como chefe de família. O meu pai, que sempre gostou de
fardas e armas, dizia que foi por medo. Também, foi e é voz corrente que o
soldado Milhões (Aníbal Augusto, de Valongo de Milhais - Murça) na sua odisseia
heróica, com imensa sorte (a sorte protege os audazes), se abrigou atrás do
cadáver de uma mula, enquanto fazia frente aos alemães com uma metralhadora. Já
como estudante, conheci o soldado Milhões e, enquanto militar, alguns graduados
expedicionários desta Grande Guerra. Um meu colega do Colégio Marista dos
Pousos – Leiria, dizia-me que o seu avô foi surpreendido pelas costas pelos
alemães e que a seguir o matariam, como à maioria. Ele, por instinto, ao erguer
as mãos tira do bolso um maço de cigarros (um bem caro na linha da frente) que
ofereceu ao alemão que o prendeu. Logo, o alemão intercedeu por ele,
poupando-lhe a vida. Quando se falava, na minha vida de estudante, na
capacidade dos alemães, dizia-se que eles preparavam alguns ataques relâmpagos
dignos de filmes. Chegavam a deixar alguns capacetes nu cerro ou na linha de
trincheira e surpreendiam, os nossos soldados, pelas costas. Conheci o herói
Soldado Milhões com 72 ano (em 10 de Junho de 1967) e veio a falecer três anos
mais tarde. Trazia a condecoração da Torre Espada e um chapéu, estando parado
com dois ou três amigos (eu passeava, ao fim do dia com um pequeno grupo de
amigos, entre a Pastelaria Gomes e o fim da rua Direita), em frente à Capela de
S. Paulo (Capela Nova, com traço do arquitecto Nicolau Nasoni).
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