quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Tempo de Natal


JORGE LAGE
Na antiguidade os povos regiam-se pelo movimento aparente do Sol e pela sucessão das luas. Além dos solstícios e equinócios havia os pontos intermédios que eram uma espécie de quarentenas, em que se voltava às celebrações. Era preciso celebrar, agradecer e oferecer a cada um dos deuses protectores o que cada povo possuía. O tempo de Natal foi uma forma de celebrar a vitória do Sol sobre as trevas. O Sol era certeza de vida e de colheitas a seu tempo. O Cristianismo mais não fez que tapar os deuses efabulados pela figura de Jesus Cristo. Jesus é o Sol da Humanidade, pelo menos o exemplo, em certos aspectos, transcendente. Os próprios lugares de culto pré-cristão foram abafados com novos templos cristãos. Ainda, recentemente, pude ver nos arredores de Outeiro Seco - Chaves, uma singela capelinha em honra de Sat’Ana (Mãe de Nossa Senhora), voltada a nascente no exterior da rocha em que assenta, pude ver, em baixo relevo, a imagem da deusa Ana, a Mãe dos deuses celtas. O Natal cristão ganhou mais encanto a partir do século XIII, quando S. Francisco de Assis, criou o presépio simples e humilde. Dando um sentido maior e humano à época natalícia. O Pai Natal acaba por emergir da bondade de S. Nicolau, bispo de Mira (actual Turquia), ser bondoso e dedicar-se a ajudar os que precisavam. Essa imagem foi explorada pela multinacional Coca-Cola, nos anos trinta do século XX. Daí a se tornar uma figura de marketing, tornando-se a quadra natalícia mais consumista do que cristã. Os leitores sabem que eu sou contra o consumo irracional. Os meus pais ensinaram-me a viver com pouco. A abundância e luxo exagerados fazem-me sentir mal. Travei uma dura batalha com a minha família para não me darem presentes no Natal e, agora, quando o fazem é algo que me faz falta. Assim, recuso-me a dar prendas à família no Natal. Hoje, queixava-se S. João Paulo II que o Presépio tinha sido substituído pelo gélido pinheiro nórdico. Se ao menos fosse substituído pelas nossas árvores sagradas (Carvalho, castanheiro, medronheiro, oliveira ou outra)? O Natal terá mais encanto se soubermos dar uma palavra amiga aos que nos rodeiam. Hoje, os mais velhos, estamos a ficar bem para trás dos cães. Aos colaboradores e amigos leitores desejo-lhes um santo Natal nos 365 dias do ano, com felicidade e saúde! 

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