Janeiro
10, 20171. Após o dr. Costa ter cometido a sua mensagem de Natal no cenário de
um jardim-escola e fechado o ano aos risinhos no Governo Sombra, é Tiago
Brandão Rodrigues que concede uma entrevista a uma rádio de catraios. Durante
duas horas, além de explicar que é um melómano (prova: ouve imensa rádio, que,
sobretudo graças ao Fórum TSF, é exactamente a ocupação predilecta de quem
gosta de música), o dr. Rodrigues respondeu às perguntas incómodas dos
"jornalistas de palmo e meio" (palavras, assaz originais, da
reportagem da RTP). Exemplo: o que é que faz um ministro da Educação? A
resposta devia estar na ponta da língua: ajuda o chefe Mário Nogueira a servir
convenientemente as clientelas. O dr. Rodrigues preferiu inventar: "Pensar
de que forma a Educação tem que ser feita nas nossas escolas." A julgar
pela espantosa retórica do senhor, há muito que se pensa mal e se faz pior.
O
meu primeiro voto para 2017 é que o PS assuma de vez a convicção de que governa
para crianças. Nas respectivas aparições públicas, o dr. Santos Silva poderia
usar bibe e o dr. Centeno um boné com ventoinha. O discurso de todos eles já
está bom assim. E quanto a substituir os "telejornais" que divulgam a
propaganda oficial por remakes do Caderno Diário, também não se notaria a diferença.
2.
Pessoas com menos de 18 anos não podem fumar, beber álcool, conduzir um carro
ou eleger os espíritos profundos que enchem as autarquias e o parlamento. Mas
em breve poderão mudar de sexo aos 16 ou até aos 14, sem atestado médico e logo
que sejam aprovadas as alterações devidas à Lei da Identidade de Género, ideia
do BE que o PS agora consagra.
O
meu segundo voto para 2017 é que se permita a mudança de sexo numa idade
anterior aos embaraços da puberdade e, ainda mais importante, que não se limite
o sexo disponível às arcaicas concepções burguesas de "homem",
"mulher" e "trans". A velhinha sigla LGBT é herança de um
mundo conservador e bafiento. Da última vez que vi, a modernidade impunha no
mínimo a LGBTQQIP2SAA+ (não perguntem), o que, embora obrigue os cirurgiões a
formação e criatividade adequadas, responde com outra precisão às necessidades
das crianças que, de acordo com a ILGA, sentem "desconforto total com o
seu corpo". Desconheço se intervenções do tipo "enlarge your penis"
serão financiadas pelo SNS.
3.
A extrema-esquerda no poder por interposto partido exige mais dias de férias
(nos sectores público e privado) e mais feriados. Abençoada seja. Há muito que
a menina Mortágua, economista de renome regional, demonstrou a falta de nexo entre
a produtividade e a riqueza de uma nação - e entre a massa encefálica e a
lucidez, mas esse é outro assunto.
O
meu terceiro voto para 2017 é que as forças progressistas percam a timidez e
inaugurem 30 ou 40 novos feriados, todos dedicados a datas marcantes de
Portugal e do mundo (revolução cubana, fundação do Chapitô, etc.). E que em
simultâneo alarguem as férias do povo para 80 dias úteis, aliás utilíssimos:
para descansar de tantos festejos e para ir à "Europa", passear na
Eurodisney, renegociar a dívida, mendigar "fundos", arranjar emprego,
o que calhar.
O
bom
Do
m@l, o -
Parece
que o salário da mulher do autarca de Gaia, funcionária de uma IPSS lá do
sítio, cresceu 390% em 5 anos. Isto, e o facto de o pai do autarca ser vogal
noutra IPSS ligada a um tal Gai@prende+, despertou a atenção da polícia. Uma
vergonha, já que os envolvidos são do PS, o PS ama o povo e, afinal, de que
vale ocupar um município sem ajudar os carenciados? A merecer alguma coisa, o
autarca merece uma medalha pela consciência social. E outra pela inspiração: o
nome Gai@prende+ só está ao alcance dos literalmente eleitos.
O
mau
Apre
é o termo
Através
do Carlos Guimarães Pinto, no blogue Insurgente, descobri que, em 2014, a
Associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados (APRe!), reagiu com
desprezo ao aumento da pensão mínima em €2,60 mensais: "É
vergonhoso." E que, em 2017, a APRe! reage assim ao aumento de €2,11 no
"complemento solidário": "É bom que exista." Por acaso, já
tinha descoberto sozinho que o descaramento é moeda corrente no "tempo
novo", repleto como nunca de tiques velhos. Vergonha não existe, e seria
bom que existisse.
Cangalheiros
Por
manifesto azar, em duas semanas seguidas passei duas vezes pelo
"espaço" de "comentário" do dr. Júdice, salvo o erro na
TVI. Carreguei desesperadamente no comando remoto, mas não a tempo de, em ambas
as ocasiões, evitar ouvi-lo decretar a morte política de Pedro Passos Coelho.
Com isto, confirmei não só que PPC não está morto como é importante que assim –
vivo – continue. Quando os "senadores" da nossa bela e rústica nação
se atrapalham tanto com um homem, este tem de ser um poço de virtudes. O resto
é apenas um poço.
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