sexta-feira, 8 de julho de 2016

Covilhetes de Vila Real




VIRGILIO GOMES
O nome desta iguaria parece estar ligado ao utensílio de cozinha no qual se fazia o seu cozimento final. No Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa de José Pedro Machado, edição de 2003, podemos ler para covilhete: Origem obscura, e cita um texto de 1706: “…e três tijelas de cobre com azas e testos do mesmo, e cinco covilhetes de cobre cem azas…”.
Genericamente podemos dizer que os covilhetes são pequenos pastéis de massa folhada recheados com picado de carne. Mas não chega, a sua estória é mais longa e vamos entender que possivelmente foram confecionados de tamanho diferente, maior, o apuramento da massa folhada foi evoluindo e também o seu recheio. Depois temos que conhecer a sua tradição de consumo que se teria iniciado com as celebrações de Santo António e hoje entram na alimentação do quotidiano. Antigamente também conhecidos por Covilhetes e por Covilhetes à “João das Três”, encontramos ainda conhecidos por Covilhetes de Vila Real, Covilhetes Vila-realenses, Covilhetes à Vila Real, Covilhetes à Excelsior e Covilhetes à Trasmontana.
A massa folhada requere conhecimentos para ser feita. A referência mais próxima de pastéis folhados com carne vem de Francisco Martinez Montiño, em “Arte de Cocina”, 1611, que foi cozinheiro do Rei Filipe II de Espanha e que o acompanhou na sua estadia em Lisboa. Reconhece que a arte de fazer folhados é especial e escreveu: Sobre os pastéis, não penso dizer, a não ser muito pouco, porque quando um homem vem a saber fazer um pastel, já sabe o que lhe vai colocar dentro. E isto exatamente a propósito de pastéis folhados com carne.
Para ficar bem elucidado sobre os covilhetes de Vila Real é obrigatório ler o trabalho recentemente publicado pela Câmara Municipal de Vila Real através do seu Grémio Literário, nos Cadernos Culturais, nº 14 e IV série, em segunda edição ampliada, sob a responsabilidade do meu Amigo Elísio Amaral Neves que fez o prefácio e a seleção de textos sobre covilhetes. Recolha muito interessante e que mostra como se instalou a tradição dos covilhetes. No prefácio, de leitura obrigatória, vamos conhecer as primeiras citações desta especialidade desde que é conhecida com esta designação, covilhetes. Para ficar a conhecer melhor os comeres tradicionais desta terra, deverá também ser lida a revista Tellus nº 61.

Mais uma especialidade a não perder:
http://www.virgiliogomes.com/index.php/cronicas/769-covilhetes-de-vila-real


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