Carey recomenda vários
livros. Hoje li um deles, maravilhado.
É delicioso ser passado
de livro para livro como se a nossa única vontade – obrigatoriamente fingida –
fosse prevalecerem as vontades dos outros.
Estando a saborear a
bisbilhotice bibliófaga de The Prose Factory do incansável D.J.Taylor
interrompi a leitura (o livro é reconfortantemente longo) para ler o que o
sempre divertido e severo Terry Eagleton escreveu sobre ele no London Review of
Books de 18 de Fevereiro. Ele tem um sentido de justiça que, sendo ao mesmo
tempo irónico e sincero, faz-me sempre rir.
As pessoas honestas podem
não admirar-se mas reconhecem-se. Os brincalhões desonestos fazem o mesmo.
Ocasionalmente um brincalhão desonesto (Eagleton) agradece a uma pessoa honesta
mas engraçada (Taylor) o divertimento que lhe trouxe.
Eagleton queixou-se da
snobice com que foi recebido a autobiografia The Unexpected Professor de John
Carey. É verdade. Li muitas críticas sobranceiras. Todas faziam a mesma
pergunta: como é que um professor de Oxford que conseguiu tudo o que queria sem
ser de classe média-alta se pode queixar? Só que ele não se queixa quase nada.
Comprei o livro e li-o. É
irritantemente vaidoso mas é, sobretudo, uma série de declarações de amor por
livros, mais do que por escritores. Este amor pelos trabalhos de quem escreve
mostra a gratidão imensa de quem lê.
Carey recomenda vários
livros. Hoje li um deles, maravilhado: The Piano Shop on the Left Bank de Thad
Carhart. Apaixonei-me por certos, poucos pianos. Obrigado.
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