sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Palavra dada palavra desonrada ou: a arte de camuflar um negócio ruinoso

 

Barroso da Fonte
“O primeiro ministro que nunca o seria se tivesse um mínimo de decoro político, fartou-se de usar e abusar do chavão: palavra dada é palavra honrada. Talvez este aforismo fosse propício no tempo dos nossos avôs. Mas não hoje, quando se cometem crimes monstruosos e se fazem comícios a arrancar palmas pelo seu sucesso.
Mal chegou ao governo deu ordens aos seus colaboradores para zurzirem no governo anterior. Para tanto celebrou «casamento» contra natura, com os partidos da esquerda que se comprometeram a votar, favoravelmente, os orçamentos e as deliberações que entendesse levar ao Parlamento. Logo no primeiro teste foram os dois partidos que desprezou e que teima em provocar, sempre que as coisas lhe correm mal, a salvar a honra do convento. Nos cerca de dois meses que leva de governo já sentiu vários puxões de orelhas. O ultimo foi mais visível e, se tivesse um mínimo de humildade perante aquele que o derrotou nas legislativas de 4 de Outubro, não viria a correr, ao Porto, disfarçar a lição que Ângela Merkel lhe deu, de luva branca, quando lhe disse, olhos nos olhos, que «o seu antecessor conduziu Portugal por um período bastante conturbado. Não foi fácil mas conseguiram-se coisas impressionantes e que ele, António Costa, terá que fazer tudo para conseguir continuar este caminho bem sucedido». Qual quê?
 Prometeu por imposição dos seus pupilos da esquerda, não aumentar os impostos e foi a primeira desonra que cometeu perante o país. País que no dia 24 de Janeiro, em ato eleitoral da máxima importância, lhe mostrou o cartão amarelo, como que a preveni-lo de que use mas não abuse, porque 52% dos eleitores estão contra si e contra os seus comparsas de governação. Lembre-se de que um Presidente da República, por mais benévolo que seja e mesmo que tenha sido seu professor de direito, não poderá «abençoar» deslizes tão graves como foi a venda do BANIF. Num fim de semana, à socapa, como se assaltam as residências, os bancos e as bombas de combustíveis, vendeu um banco que em 30 de Setembro valia 675 milhões de euros, por tuta e meia, a um outro banco estrangeiro, surpreendendo os gestores e deixando de boca aberta tantos outros bancos que poderiam dar muito mais pelo negócio se fosse essa operação às claras? Terá António Costa assistido ao programa que a RTP2 exibiu no dia 29 de Janeiro, com o seu amigo Rui Rio? Acaso lhe ouviu dizer que os Portugueses têm o direito de saber porque motivo, num delírio de fim de semana deitou à fogueira «mais de 2 mil milhões de euros»?  O economista Rui Rio, seu confidente do tempo em que ele Presidente da Câmara do Porto e o Senhor da de Lisboa, disse que a equipa que lidera «não tem condições para bater o pé o Bruxelas». E perante esta reprimenda pública, da qual  parece não ter tirado ilações, ainda teve coragem de baixar a «bolinha» ao plano e orçamento que Bruxelas não aceitou, tendo que rastejar junto de Jerónimo de Sousa e de Catarina Martins para que aceitassem aquilo que nem agradou ao PC nem ao PSD nem ao CDS. Afinal com que orçamento vai governar: com o do PS ou com o da esquerda (des)unida?
António Costa, em surdina, pela calada da noite, malbaratou mais de dois mil milhões de euros com a venda do BANIF. O Parlamento já  designou uma comissão para averiguar esse ruinoso negócio. Os eleitores cada vez  mais fogem das urnas ou então, por respeito ao voto, fazem-no por protesto nos «Tinos» de cada eleição. Mas a equipa de Finanças do atual governo terá que prestar contas na praça pública. Disso não se livra, mais cedo ou mais tarde, pelo facto dos políticos poderem fazer todo o tipo de negócios, com a prévia certeza de que não são criminalizados. É mais uma aberração da democracia que escandaliza o zé povinho que já começou a pagar mais impostos no combustível,  nas viaturas,  no tabaco, no acesso à banca, na poluição automóvel etc. etc.
  Como prémio destes dois meses de governo, António Costa encenou para as televisões mostrarem que tudo vai bem no reino da Capadócia. O pretexto foi a reversão da venda da TAP. Quem assistiu a essa geringonça ficou atónito: como é possível ao Estado e à Empresa que adquiriu a TAP, geri-la, se cada uma das duas partes fica com metade do capital e do poder? Que benefícios recuperou com mais esta reversão? Tinha prometido recuperar, pelos menos os 51%. Até Jerónimo de Sousa ficou irritado. Foi coerente. Para terminar, mais uma «desonrada à palavra»: qual o motivo porque anunciou que já pagava, no mês de Janeiro, a reversão das reformas aos pensionistas e a raia miúda a que pertenço, não viu reversão alguma?”. 
- Barroso da Fonte

Sem comentários:

Enviar um comentário