Barroso da Fonte |
A
eleição de Marcelo Rebelo de Sousa para mais alto magistrado da Nação, veio
confirmar que:
a) o povo não é mudo, não é cego, nem é
surdo. b) que o governo cozinhado pelo PS e seus pares da esquerda, resultou de
um parto defeituoso e enfermiço; c) se houvesse eleições legislativas
clarificadoras desse parto, o PS e seus
pares, seriam derrotados por margem semelhante à do Presidente da República; d)
que Cavaco Silva ocupou durante dez anos o espaço político que acaba de eleger
Marcelo Rebelo de Sousa. Este resultado é a resposta inequívoca a esse quisto
político.
Esta eleição demonstrou ainda que a ignorância
é atrevida. Demonstrou a Sampaio da Nóvoa que foi infeliz ao invocar o «tempo
novo», como contraponto ao «tempo velho». Já em «tempo novo», fez «teatro»,
aplaudiu o grupo da Luar que assaltou o Banco da Figueira da Foz e valeu-se da
confusão académica, em que bastava chegar à universidade e pedir uma
licenciatura. Cândido Ferreira, seu opositor nesta corrida, confrontou-o com
essa situação. A esse período revolucionário se tinha referido Sottomayor
Cardia, quando foi Ministro da Educação. Por seu Pai ser juiz, teve a sorte que
tiveram Jorge Sampaio e Freitas do Amaral: não foi à tropa. Mas pretendia ser o
chefe supremo das Forças Armadas.
Os
resultados deste ato eleitoral acabaram com os mitos académicos e empresariais:
O Tino foi a maior sensação, ao ficar em sexto lugar, acima dos doutores: Paulo
Morais, Jorge Sequeira e Henrique Neto, respetivamente. Mais: valeu quase tanto
o calceteiro de Rãs como o ex-padre Edgar Silva que deixou ficar mal colocado o
PC e a classe clerical que o preparou para a vida. De notável apenas o
esbracejar de pregador e a voz estridente que se enquadra a preceito, na
cassete da força que o apoiou. Teve muito menos votos do que tivera Jerónimo de
Sousa. Ficou demonstrado que o BE definitivamente ocupou o espaço político que
pertencia ao PC. Marisa portou-se bem.
Finalmente a rasteira mortífera de António
Costa que foi o grande derrotado desta eleição. Tinha fintado António José
Seguro. Fez uma segunda finta aos dois partidos vencedores das Legislativas com
os quais se negou a formar governo, desde o momento em que Catarina Martins o
seduziu para «casamento político». Celebrado esse casório, acrescido de mais um
apoiante: a CDU, traiu Maria de Belém que se viu isolada, ao invés da sedução
que granjeou em torno de Sampaio da Nóvoa. Foi essa fiel militante socialista,
a derrotada mais coerente, mais tolerante e mais digna que foi sóbria e que
ficará na história da eleição de Marcelo: foi ela que anunciou, antes que
outros o fizessem, a vitória de Marcelo. Superou, inclusive os repórteres das
televisões.
Marcelo Rebelo de Sousa foi vencedor em toda a
linha. Não fez qualquer comício. Não berrou como outros fizeram para o
denegrirem. Não foi maldizente nem se armou em pavão. Foi original na campanha,
igual a si próprio, nem precisou de ziguezaguear como os principais opositores
o trataram. É um cidadão do norte, um defensor do povo, um homem de cultura que
honrou a avó, os pais e os Celoricenses que, quase unanimemente, votaram nele.
A sua vitória e a sua ligação às Terras de
Basto contrastaram com o docente da UTAD, Luís F. Lopes, que na edição do Ecos
de Bastos de 14/12/2015 escreveu: «Sampaio da Nóvoa representa o que melhor
existe no Norte, é um minhoto genuíno, como todos os Cabeceirenses o são.
Marcelo é Lisboeta, e como tal tem alguma dificuldade em identificar as suas
raízes...necessita do simbolismo da província. Não tenhamos ilusões, Marcelo
não é das terras de Basto...». Se esta afirmação fosse feita durante a
campanha, em conversa corrente, num comício de Tino de Rãs ou de Edgar Silva
que nasceu na Madeira, talvez passasse despercebida. Mas que um «Prof. Doutor
Engº», como assina as suas crónicas, escreva num quinzenário o que acima
reproduzo, não lhe fica bem. Não foi em Celorico de Basto que sua avó nasceu e
que, em homenagem a essa origem rural, optou por ser ali que se inscreveu como
eleitor? Não conheço este «Prof. Doutor Engº». Mas creio que para exaltar
Sampaio da Nóvoa, como «minhoto genuíno» não precisava de usar tão áspera
demagogia.
Marcelo deu uma lição de humildade a
muitos académicos. Ganhou em todos os círculos eleitorais do país, mesmo onde
forças do centro e a direita nunca tinham vencido, como é o caso de Beja. Não
se lhe ouviu um ataque, discreto ou indiscreto, a qualquer adversário. Não
colocou cartazes, não poluiu o meio ambiente, não esbanjou dinheiros públicos e
até contribuiu com a sua votação para evitar mais três semanas de poluição para
uma segunda volta que, segundo as sondagens, daria o mesmo resultado.
É
um digno representante do Norte. Mas acima de tudo é o legítimo Presidente da
República Portuguesa.
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