O ano de
622 é um ano crucial para os muçulmanos. Maomé, com uma boa parte dos seus
seguidores, inicia a viagem para Yatrib que, desde então se começou a
chamar Medina (Madinat al-Nabi ou “a cidade do Profeta”). E esta
emigração do Profeta e dos primeiros muçulmanos de Meca para Medina ficou
conhecida como Hégira.
Muçulmanos são aqueles que “se submetem” à
vontade de Deus, Alá (que professam uma fé comum), que recompensaria os bons e
castigaria os maus quando chegasse o Juízo Final. Deviam assim, abandonar as
suas riquezas e a corrupção dos seus costumes, renunciar à avareza e ao engano,
tratar com caridade os pobres, os oprimidos e os espoliados.
Ao contrário do que se pensa no mundo
Ocidental, a mensagem de Maomé (o Profeta) não poderia ser menos ética ou
moralmente censurável, nem mais contrária aos interesses comerciais e
económicos dos grupos dominantes de Meca. Mais, criada a comunidade de
muçulmanos em Medina, Maomé enceta vários acordos ou pactos com os habitantes
de Medina (hoje erradamente conhecidos como “Constituição de Medina”) e
estabelece, como um legislador sábio, as medidas e as normas que devem reger a
comunidade muçulmana primitiva, que ainda hoje vigoram em todas as sociedades
muçulmanas[1]. O Profeta partilhava, assim, uma parte considerável da
tradição cristã e judaica. E ao contrário do que se costuma pensar no Ocidente
(e até no mundo islâmico), concedeu às mulheres direitos de que estavam
privadas na sociedade tradicional árabe, como o direito à vida (proibindo o
infanticídio feminino), à educação (como os varões), ou a receberem heranças (a
sua independência económica, que implicava o direito de comprar ou vender
propriedades). No próprio vestuário estabeleceu regras. As mulheres tinham o
direito do uso voluntário do véu[2].
O energúmeno e as suas tropas |
Post-scriptum
Domingo (3), as Nações Unidas chamaram a
atenção para a tragédia que se vive no norte do Iraque, com a perseguição desse suposto
obscuro e tenebroso Califado (ISIS) às populações curdas. Pediu a ajuda
ao governo do Iraque e do governo autónomo curdo do Iraque para acolherem o
exodo de mais de 200 mil pessoas.
Uma tragédia que não veio noticiada nos
jornais portugueses, e nos que veio ocupava 1/8 de página!
[1]Não confundir, portanto, sociedade islâmica com
sociedade muçulmana.
[2]Nada de novo em relação ao Cristianismo.
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