Donzilia Martins |
"Camélia faz frio lá fora.
As portadas de vidro embaciaram. Grossas gotas deslizam como rios líquidos em
placas de gelo. São lágrimas da noite com alma de inverno São cristais de luz
saudando a manhã. A neblina persiste. Em camadas paralelas aninha-se no vale Em
véus de tule transparentes a querer tapar o sol. Devagarinho vai sorvendo o rio
flutuante em línguas de chuva Por entre as sombras esbatidas dos salgueiros.
Interrogo-me: O que faz chorar o rio que tanto anseia o mar? Tão teimoso na
corrida, tanta pressa em querer chegar! Sem palavras corre o vento e à noite
bebe o luar Dá guarida à lua cheia e beija as pedras, baixinho. Levanto-me e
vou limpar uma lágrima perdida a espreitar na janela. Olho a rua no silêncio e
a calçada cor de prata Que a geada hoje pintou. Bebo o tempo! Calo o frio!
Agora o sol despertou! Aquecida a minha alma, chego à varanda e, que vejo? Uma
camélia que abriu à distância do meu beijo. 14/01/013 Donzilia martins"
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