“O maior erro que se pode cometer
é chegar depressa à conclusão de que uma opinião não tem valor por estar
baseada num mau argumento” (Thomas H. Huxley) e “nada é mais certo neste mundo
do que a morte e os impostos” (Benjamin Franklin).
1 - Porque razão se cita estas duas personalidades? Porque se é
certo que o actual Governo cometeu pequenos erros (alguns), há um colossal de
que não é responsável: ter conduzido o País à bancarrota. Esse é da
responsabilidade do Partido Socialista, e por ele estão cerca de 80% dos
portugueses a pagar com língua de palmo!
Defrontado com uma divida
astronómica, o Governo não teve outro remédio senão dar a cara pelas medidas
impostas pelos credores. Dar a cara para evitar a humilhação da perda de
soberania e cumprir com os compromissos assumidos pelo Partido Socialista em
Abril de 2011, quando José Sócrates solicitou à Comissão Europeia um pedido de
assistência financeira. A não ser assim, em Junho desse ano os funcionários
públicos já não receberiam o produto do seu trabalho: o vencimento.
Goste-se ou não das medidas,
fosse qual fosse o Governo, não teria alternativa porque a divida existia e
tinha de ser paga. Barafuste-se mais ou barafuste-se menos, vamos ter que arcar
com as asneiras da governação socialista. Ameacemos ou não, a Troika, a única
entidade na altura disponível para apoiar financeiramente o Estado português,
tem os seus mecanismos para exigir o cumprimento do acordo celebrado com o
Partido Socialista em Abril de 2011.
Manifestação de 15 de Setembro |
O anúncio de algumas destas
medidas a sete de Setembro pelo Primeiro-ministro gerou uma onda de
contestação, desde logo por alguns dos seus partidários, algumas figuras do
regime, acabando na rua e rematada com a “traição” de Paulo Portas.
A crise politica era então
evidente. O Primeiro-ministro ficou isolado, mas foi à luta. E ao contrário da
verborreia de certos comentadores e colunistas estava preparado para o momento.
Sendo certo que se o país não estivesse nesta emergência (criada pelo Partido
Socialista), se tinha demitido após o silêncio de Portas.
Esta crise não aconteceu por
acaso. Ela foi muito bem preparada nestes últimos meses pelos “comentadores” e “colunistas”
que, à excepção de meia dúzia, não passam de uma seita de analfabetos
borralhentos. Escrevem sobre o que não sabem, citam o que não leram, congeminam
o impensável e fazem a opinião do País.
Se uma mãe tem um pão para
distribuir pelos seus quatro filhos, vai ter que dar ¼ de pão a cada um, como é
evidente. Não pode dar um pão a cada um. Mas na mente tonta desta gente que não
sabe contar para além da dezena, é esta a solução para o País.
O pior ainda foi o borregar da
gente graúda do regime. Uns, sabemo-lo bem, ficaram-se pelos estados de alma,
outros, uns verdadeiros instigadores (que sempre foram os verdadeiros
privilegiados do regime), atiçaram o POVO, levando-o (quase) a naufragar,
pedindo, depois de tentarem ridicularizar um homem honesto, a demissão do
Governo. E foi precisamente do partido que em Abril de 2011 assinou o acordo
com a Troyka que surgiram as manifestações mais incendiárias, às quais se não
alheou o seu Secretário-geral.
Dom Carlos Azevedo |
A este propósito a Igreja foi
sempre interventiva. E ainda bem. Fizeram sentido, em 2010, os vários apelos.
Na voz de Dom Carlos Azevedo (à época presidente da Comissão Episcopal Católica
da Pastoral Social e bispo auxiliar de Lisboa), a Igreja alertou a 22 de Julho
para os riscos de violência por causa da crise e da desigualdade. Apelou ainda
aos políticos portugueses católicos que contribuíssem com 20% do seu vencimento
para um fundo. No dia seguinte o Bispo da Guarda predispôs-se a descontar esses
20% do seu vencimento. E o Cardeal Patriarca, Dom José Policarpo, já antes
havia notado para o grau de pobreza que se instalara no País.
Em 2010, se não estamos em erro,
o País era governado pelo Partido socialista! E nessa altura sim, foram
fabricadas leis que nos fazem lembrar a famosa Nova Lei dos Pobres, aprovada em Inglaterra no ano de 1834, cujas
disposições estão bem descritas na obra de Charles Dickens, Oliver Twist, no célebre passo em que Noah Claypode
escarnece do pequeno Oliver, chamando-lhe “Work’us”[1]
(“Work house”). Hoje não estamos melhor (voltaremos a este tema), porque essa herança pesada empobreceu o país. Ou, pelo
menos, é-a para alguns a quem o partido socialista de Sócrates tratou como os
negociantes de pérolas trataram Kino e Juana no célebre conto de John
Steinbeck, A Pérola.
António José Seguro que no seu
assento de deputado assistiu impávido e sereno à destruição do país com a
governação desastrosa do seu partido, como um andorinho, em vez de apelar à
calma, desdobrou-se em entrevistas vazias e balofas, incendiando a populaça,
ameaçando que não aprovava o Orçamento. Quando sabia que o não podia fazer. Não
o podia fazer nem pode. Porque a Troika assim lho exige.
Quem ganharia com esta crise
politica se fosse avante? O Povo não. Mas os privilegiados do regime sim. Os
que possuem mordomias, projectos sectários pessoais ou políticos, os de grande
riqueza. E os vigaristas e corruptos que aproveitam os momentos de anarquia
para atingirem o Paraíso.
É pois de toda a urgência que se
faça uma auditoria à divida pública, pois o Povo deve saber quanto dinheiro
passou por baixo do tapete. E para protecção do próprio Governo daqueles que a
todo o momento estão sempre prontos para roer a corda.
Primeiro-ministro |
A tentativa de ridicularizar um
homem honesto não funciona, porque como dizia Confúcio “ pode-se enganar o
homem honesto, mas não ridicularizá-lo”.
O Primeiro-ministro, por muito
que essa gente (que não sabe contar para além da dezena) queira, não é réu
neste processo. É herdeiro. De uma herança pesada do partido socialista do
tempo de José Sócrates.
Dirão estas iluminarias que o
governo não vai conseguir gerir a situação económica e financeira. Porque vai
ter que empreender, pelo menos, três novas vagas de austeridade para conseguir
este ano o défice de 5%, para o ano 4,5%, e 2,5% em 2014.
É claro que está à vista de toda
a gente minimamente culta que esta tarefa, em democracia (se é que este regime
pantanoso se pode chamar de democracia), é praticamente impossível (ou se
alargam os prazos para a meta do défice, ou se perdoa uma grande parte da
dívida). Essas iluminárias não dizem nada de novo nem nada que valha. Qualquer
analfabeto vê isso muito melhor que eles. Porque, ao contrário deles, sofrem na
pele a austeridade.
De facto, essa tarefa é
impossível, por uma simples razão. Os salários têm que baixar para a economia
se tornar competitiva, como já explicamos neste mesmo local, fundamentados em
relatos dos maiores especialistas mundiais (alguns prémios Nobel). O problema é
que as famílias portuguesas se endividaram quando
os seus salários eram outros. E enquanto os salários baixam, a divida mantém-se (nalguns casos, para
maior drama, sobe), não baixa. Portanto, a única solução para atingir esses
valores do défice tem que ser arranjada pela Europa, que criou a maior parte do
problema, não só pelo Governo que o herdou.
Porque razão falamos em perdoar
grande parte da divida? Precisamente porque, como dissemos atrás, foi a Europa
que criou a maior parte do problema. Como? Emprestou dinheiro a juros
usurários, agiotas. Presumimos que só os juros já pagos dariam para pagar 1/3
da divida. Por outro lado, há mais de trinta anos, emprestou dinheiro a países
como Portugal para serem investidos em zonas de lazer (foi o caso da Suécia)
que depois perdoou porque o país precisava de ajuda e vivia tempos conturbados.
Não é justo que passados tantos anos venha exigir (ainda por cima com juros
agiotas) o que na altura perdoou. Ou seja, deu. Há mais de vinte, emprestou
dinheiro a Portugal para que este arrancasse as suas vinhas, oliveiras e outros
produtos agrícolas; emprestou-lhe ainda para dar cabo da sua frota pesqueira.
Como pode agora, passados estes anos exigir-lhe que recupere, do pé para a mão,
o seu aparelho produtivo? Apenas de uma maneira injusta e execrável: reduzindo
os salários até à exaustão.
ISLÂNDIA - [ http://youtu.be/lNt7zc6ouco ]. |
Se querem reduzir os salários
para que a economia se torne competitiva, que reduzam primeiro a dívida das
famílias. Só com este equilíbrio o Povo sentirá alguma da sua responsabilidade.
Que a teve, mas não toda. Nem sequer a maior parte. Porque, em muitos casos,
foi enganado. Por essa razão, a solução islandesa é hoje admirada por quem a conhece [ http://youtu.be/lNt7zc6ouco ].
A Europa criou o melhor nível de
vida do mundo, inventando valores dos mais elevados a que uma sociedade pode
aspirar ao nível da dignidade humana; recriou sociedades redistributivas,
justas. Que viveram em harmonia mais de 30 anos, logo a seguir à Grande Guerra.
Como pode agora eticamente exigir a países que estão em dificuldades
financeiras, precisamente o contrário do que criou? Como pode exigir-lhes
sacrifícios desumanos quando permitiu que nestes últimos 30 anos cerca de 30%
dos seus rendimentos anuais pertençam a apenas 1% dos assalariados? Quando
permitiu que a riqueza de algumas fortunas individuais seja estimada como
idênticas à dos 20% da população mais desfavorecida – vários milhões? Quando
permite que certos cargos executivos recebam cerca de mil vezes o salário do
seu empregado médio?
De qualquer forma, o POVO, em
Portugal, tem a democracia que merece. Porque se em 2005 seria normal cair na ilusão
do Eng.º Sócrates, já o não foi em 2009.
Armando Palavras
[1] Corruptela da palavra Workhouse (albergue).
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