sábado, 14 de abril de 2012

Portulanos

Zé Manuel (Faragata)

Cinzelados pelos ventos cieiros,
Com traços firmes e vincados,
São em um, as pedras e os rostos carcereiros
Que conferem na pele as agruras dos tempos.


É nessas cartas gravadas,
Que ziguezagueiam rotas dilatadas,
Onde fervilham as vidas da enxada e do arado,
A par com o sabor da água do mar salgado.


Rasgados por pés gastos e gretados como a terra,
Fustigados por ondas de quimeras em espuma,
Que uma a uma, num vai e vem, como quem serra,
Se desfazem em sonhos de coisa nenhuma.

J.F.

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