No passado dia 18 de Fevereiro, assistiu-se na sala do Conservatório de Música de Vila Real, a uma acção de divulgação da colectânea de autores transmontanos, patrocinada pela Comissão de Festas da Senhora das Graças de Lagoaça de 2011. O evento iniciou e encerrou com a música tradicional mirandesa, tocada pelo gaiteiro Henrique Fernandes.
Estiveram presentes Maria dos Anjos Pires, Paula Seixas Arnaldo, António Neto, Armando Palavras, A.M.Pires Cabral, António Passos Coelho, Ilda Pinto Ribeiro, Rui Carvalho, Silvio Teixeira e José Neves. Não faltaram ao evento o Dr. Pedro e o Presidente da Cãmara Municipal, Dr. Manuel Martins. As intervenções foram pronunciadas pelos Drs. Pedro e António Neves, seguidos das Professoras Doutoras Maria dos Anjos Pires e Paula Seixas Arnaldo, secundadas por Armando Palavras e António Neto.
Deixamos impressa a intervenção de Armando Palavras:
A história deste volume conta-se rápido. Surgiu do encontro de três Amizades Antigas: a minha, a de António Neto e a de Carlos Novais (Presidente da Junta de Lagoaça).
Paula Seixas Arnaldo, Maria dos Anjos Pires, (?), Armando Palavras, José Neves, António Passos Coelho, A.M. Pires Cabral (Crédito fotográfico: Adérito) |
Com ele procurámos desenvolver uma actividade diferente da pequena revista que era publicada todos os anos por altura das Festas em honra da Senhora das Graças, e ao mesmo tempo comemorar os 725 anos da atribuição do seu foral pelo Rei Dom Dinis.
Mas também foi possível porque se juntaram vontades no sentido de um John Locke (The Treatises of Government), de um Alexis de Tocqueville (Da Democracia na América), ou de um John Stuart Mill (On Liberty). No sentido de “vida, liberdade e felicidade”!
O problema era se os autores transmontanos (entre os melhores) estariam dispostos a aceitar o desafio, colaborando numa iniciativa à primeira vista “pobre”, na medida em que o patrocínio inicial apenas se restringia à Junta de Freguesia e à Comissão de Festas. Aceitaram, e aqui tendes o volume.
Quanto ao volume em si, procuramos juntar autores das mais diversas actividades intelectuais. Faltaram muitas, como a Matemática, a Física, a Astronomia, e por aí fora.
Em relação aos autores, bem gostaríamos de ter contactado, pelo menos o dobro, mas quanto a esse aspecto só o António Neto vos pode responder pois foi ele que pagou a impressão. Aliás, todo o trabalho relacionado com o volume, incluindo a impressão.
Vista geral da assistência (Crédito Fotográfico: Fernando Guimarães) |
Sempre que nos juntamos em repasto (muito poucos nos últimos tempos) com velhas Amizades, e vem à baila a “história da colectânea”, gostamos de fazer a analogia com Hucklebarry Finn de Mark Twain, essa obra ímpar da Literatura Americana, que pela primeira vez lemos aqui na cidade de Vila Real com 15 anos, em casa dos nossos tios, Rui Gomes e Alcina Margarida, e que recentemente revisitámos. Huck, o personagem principal, viajou numa jangada, Mississípi abaixo; em quase todos os episódios com a morte ao lado. Nós viajamos Douro acima e quase sempre com a vida.
Rui Carvalho, Armando Palavras, António Passos Coelho, Fernando Guimarães |
Este volume lê-se bem, “de uma penada”. Quem é que hoje lê A Montanha Mágica, essa obra grandiosa de Thomas Mann? Quem é que está com “pachorra” para passar uma página e tal com a simples descrição de um termómetro? A ler um capitulo inteiro em Francês?
Quem é que hoje lê Marcel Proust? Quem teria hoje “pachorra” para ler o seu Em Busca do Tempo Perdido em sete volumes? E passar trinta páginas com a descrição sobre as voltas que o autor dá na cama até adormecer?
António Passos Coelho consultando o jornal "Negócios de Valpaços" |
Quem é que hoje lê Marcel Proust? Quem teria hoje “pachorra” para ler o seu Em Busca do Tempo Perdido em sete volumes? E passar trinta páginas com a descrição sobre as voltas que o autor dá na cama até adormecer?
Quem é que hoje lê O Ulisses de James Joyce, com Blomm a percorrer Dublin apenas num dia? Concretamente o dia 16 de Junho de 1904. Ou os mais de cem encontros com Stephen? Ou as descrições das meias das senhoras, dos sabonetes, dos esgotos, dos micróbios de um guardanapo? Ou o último capitulo do romance, onde Molly a esposa de Blomm (um judeu húngaro que ganha a vida a vender anúncios), produz o seu conhecido monólogo, sob a forma de uma interminável frase com quarenta mil palavras?
Muito poucos.
Mas esta colectânea não. Tem mais autores que os livros citados e lê-se como se fosse um romance com capítulos curtos. Se não gostarmos de um, passamos ao seguinte, porque os enredos e conteúdos não chocam uns com os outros.
Leiam-na e desfrutem-na.
Armando Palavras
Desde 2005 que não nos deslocávamos a Vila Real. Foi com enorme emoção que o fizemos, onde o reencontro com familiares e Amigos foi gratificante. Devêmo-lo a Maria dos Anjos Pires, Paula Seixas Arnaldo e a António Neves.
O nosso muito obrigado.
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