Bolinho é uma tradição
que se pratica por ocasião do “dia de todos os santos” e que na Bajouca, de
Leiria, tem forte implantação. Não sei se noutras regiões sucede o mesmo que
aqui, mas o certo é que nesta região é muito importante o apego que dão á
tradição. Lá estive e apreciei os jovens de “saquita” na mão, a bater de porta
em porta, a pedir o “bolinho” que todos dão. Ainda não entendi o porquê deste
costume que deve remontar a muitos anos antes da nossa geração e por certo tem
a ver com costumes religiosos que sempre se devem ao bom trabalho que a Igreja,
nossa mãe, pôs em marcha para atenuar carências sociais que por norma sempre
persistiram e persistem. Já em Vilar de Perdizes são as bruxas quem imperam e o
meu caríssimo comprovinciano Padre Fontes deu o mote e despertou o interesse
nos adeptos dessa “constumeira” de tempos idos, mas que ainda hoje tem quem vá
nisso.
Não admira porque há-de
haver sempre quem vá na onda, por muito que se pregue e demostre que não há
motivo que justifique a crença. Mas foi um trabalho meritório este que se deve
ao Padre Fontes, e que por isso, bem merecia ser agraciado com uma dessas comendas
que se costumam dar, de vez quando, aos notáveis nas diferentes áreas do saber
cultural, económico, industrial e científico. Bem merece, muito mais do que
alguns que a receberam, e mais tarde se descobriu que foram mal atribuídas. É
tradição que remonta aos tempos celtas que habitaram o espaço hoje dedignado
por Portugal. Por habito os povos de então alimentavam a cresça que os mortos
se alimentavam e depositavam nos túmulos alimentos para os alimentar, a Igreja
entretanto com outra roupagens soube aproveitar, e vai de tirar partido disso,
em favor dos mais carenciados e assim transformar em favor dos vivos, o que não
passava de pura irrealidade. Em Portugal esta tradição reviveu e marcou pontos
na região de Lisboa, por ocasião do terramoto de 1 de Novembro de 1755, ficando
conhecida por “Pão Por Deus”. Talvez por isso seja mais forte e
tradicionalmente mais conhecida na região da grande Lisboa.
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