sábado, 9 de novembro de 2019

O Bolinho



Por: Costa Pereira Portugal, minha terra      

Bolinho é uma tradição que se pratica por ocasião do “dia de todos os santos” e que na Bajouca, de Leiria, tem forte implantação. Não sei se noutras regiões sucede o mesmo que aqui, mas o certo é que nesta região é muito importante o apego que dão á tradição. Lá estive e apreciei os jovens de “saquita” na mão, a bater de porta em porta, a pedir o “bolinho” que todos dão. Ainda não entendi o porquê deste costume que deve remontar a muitos anos antes da nossa geração e por certo tem a ver com costumes religiosos que sempre se devem ao bom trabalho que a Igreja, nossa mãe, pôs em marcha para atenuar carências sociais que por norma sempre persistiram e persistem. Já em Vilar de Perdizes são as bruxas quem imperam e o meu caríssimo comprovinciano Padre Fontes deu o mote e despertou o interesse nos adeptos dessa “constumeira” de tempos idos, mas que ainda hoje tem quem vá nisso.
Não admira porque há-de haver sempre quem vá na onda, por muito que se pregue e demostre que não há motivo que justifique a crença. Mas foi um trabalho meritório este que se deve ao Padre Fontes, e que por isso, bem merecia ser agraciado com uma dessas comendas que se costumam dar, de vez quando, aos notáveis nas diferentes áreas do saber cultural, económico, industrial e científico. Bem merece, muito mais do que alguns que a receberam, e mais tarde se descobriu que foram mal atribuídas. É tradição que remonta aos tempos celtas que habitaram o espaço hoje dedignado por Portugal. Por habito os povos de então alimentavam a cresça que os mortos se alimentavam e depositavam nos túmulos alimentos para os alimentar, a Igreja entretanto com outra roupagens soube aproveitar, e vai de tirar partido disso, em favor dos mais carenciados e assim transformar em favor dos vivos, o que não passava de pura irrealidade. Em Portugal esta tradição reviveu e marcou pontos na região de Lisboa, por ocasião do terramoto de 1 de Novembro de 1755, ficando conhecida por “Pão Por Deus”. Talvez por isso seja mais forte e tradicionalmente mais conhecida na região da grande Lisboa.


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