Ontem, ao vasculharmos na internete assunto transmontano, deparámos com esta entrevista de A. M. Pires Cabral ao blogue Alagamar. Teria sido concedida no ano de 2011. Só ontem a lemos e continua actual. Por essa razão a revisitámos.
P-Você é um conhecido escritor e agente cultural. Como
vai o país no campo da Cultura? Quais as patologias e virtudes da vida cultural
portuguesa por estes dias?
R- ‘Cultura’ é uma das tais palavras que pode
significar mil e uma coisas. Mas, no seu sentido mais habitual (interesse pela
criação artística e pelos desenvolvimentos da ciência), diria que não vai bem
nem mal, antes pelo contrário… Noto ainda assim que vai havendo um interesse
crescente pelos fenómenos culturais e também uma crescente difusão dos mesmos,
muito em resultado da acção das associações, mais do que das instâncias
oficiais. Em resumo: não diagnostico nenhuma patologia inquietante nem
particulares virtudes. Temos a cultura a que qualquer país periférico da Europa
pode aspirar.
P-Como definiria a sua obra? Acha que se veio
afastando dum registo inicial ou tem um timbre a que entende fixar-se?
R- Ela é tão vária que dificilmente suportará ser
definida. Mas creio poder reconhecer nela dois pontos salientes: a sua
dependência da cultura popular, por um lado, e, por outro, a busca incessante
de um sentido para a vida. Isto desde o início, desde o primeiro livro (Algures
a Nordeste, 1974) — o que responde à segunda parte da pergunta.
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