Alberto Gonçalves - OBSERVADOR
Confesso que, por absoluta falta de interesse,
não conheço 90% dos membros do governo. Em compensação, os membros do governo
conhecem-se muitíssimo bem. A cada dia, somos informados de mais um familiar
directo de ministros ou secretários de Estado que caiu num ministério, numa
secretaria de Estado ou noutro cargo acessório e igualmente simpático. Por
regra, o argumento em prol (não confundir com “prole”, a qual por acaso também
vai sendo enfiada nos postos disponíveis ou inventados para o efeito) deste método
de selecção consiste em proclamar que as criaturas em questão não podem ser
prejudicadas em função do parentesco. O argumento contrário consiste em
garantir que as criaturas não deviam ser beneficiadas.
Não sei porquê, ninguém repara que, ao invés de prejuízo
ou benefício, as criaturas têm exactamente aquilo que merecem. O facto de serem
cônjuges ou descendentes de grandes figuras do PS indicia com alta
probabilidade, por hábito ou genética, uma imbec…, perdão, percepção limitada
da realidade. A percepção limitada da realidade condena-as desde logo a
empregos de escassa exigência e nenhuma responsabilidade. Não há empregos tão
fáceis e irresponsáveis quanto os disponíveis numa administração socialista. Em
suma, tudo está bem.
Em eras remotas, desaconselhava-se a endogamia
pela propensão a gerar filhos malucos. Hoje, porém, os filhos, esposos,
sobrinhos, cunhados, primos e compadres que não regulam bem possuem adequadas
saídas profissionais à sua espera. Os casos perdidos deixaram de representar um
fardo – excepto para o povo, que, são como um pêro e lúcido como uma batata,
patrocina, legitima e aplaude o arranjo.
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