sábado, 23 de março de 2019

Nepotismo inadmissível


Há umas semanas atrás, o dr. Costa deu continuidade a uma governação singular em Portugal, com a nomeação de Mariana Vieira da Silva para ministra. Anote-se que esta senhora iniciou a carreira política no tempo do sr. Sócrates e da dona Lurdes Rodrigues (2005). A coberto do pai que também é ministro no “governo” do sr. Costa. O caso passou quase despercebido com o conluio da imprensa e do presidente da república que não viu mal algum na coisa. Mas vimos nós e muitos outros portugueses.
O que se está a passar neste “governo” geringonço é puro nepotismo! Inaceitável em países democráticos e desenvolvidos. Por muito que o tentem esconder, manipulando a opinião pública. O nepotismo é um regime de favorecimento que liquida a igualdade de oportunidades. Mais, é um regime que favorece a corrupção, sobretudo a da Administração Pública.



Há 2500 anos, os Gregos Antigos perceberam isso muito bem. E a eles se deve a qualidade dos tratados de teorização política. Por essa razão exerceram uma enorme influência no pensamento político da Europa moderna. A eles, os países desenvolvidos devem o seu desenvolvimento. Sobre isto um dos especialistas da matéria, T.A. Sinclair escreveu: “O simples facto de o pensamento político desempenhar e ter desempenhado na história da Europa um grande papel na motivação da acção politica é devido aos Gregos e, nessa medida, de qualquer forma, o pensamento politico grego tem influência na vida da Europa de hoje. Foram os gregos quem primeiro aplicou conscienciosamente o pensamento político à acção e quem tentou construir um Estado e ordenar a sua vida de acordo com uma série de princípios” (1967).
Princípios, note-se!
São conhecidos os tratados de Platão e Aristóteles, aos quais não dedicaremos uma linha neste escrito, porque este tipo de reflexão terá começado com os Sofistas, deixando sinais claros na tragédia grega, como a Antígona de Sófocles e em As Suplicantes e As Fenícias de Eurípides.
Repare-se neste significativo passo na primeira destas peças, na discussão entre Creonte e Hémon (vv. 736-739):
Creonte – É portanto a outro, e não a mim, que compete governar este país?
Hémon – Não há Estado algum que seja pertença de um só homem.
Creonte – Acaso não se deve entender que o Estado é de quem manda?
Hémon – Mandarias muito bem sozinho numa terra que fosse deserta.
22 anos depois, Eurípides n’ As Suplicantes, informa que não se atribui privilégio à riqueza; o pobre tem os mesmos direitos.
Os países que tiveram isto em conta, estão agora a colher os frutos, assim como os que não tiveram. Só que os primeiros estão em constante desenvolvimento, os segundos em constantes BANCARROTAS!

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