Por Armando Palavras
Em 1519, iniciou-se uma das mais ousadas viagens marítimas da História, uma empreitada que reuniu cinco navios e mais de duas centenas de homens, com a missão de chegarem às Molucas por Ocidente.Uma época em que ainda se não sabia que o planeta era esférico. Uma viagem arriscada. O Pacífico, salvo o do sudoeste asiático, já conhecido pelos Portugueses, era praticamente desconhecido. Era ainda um mundo de lendas e povos bárbaros. Foi uma jornada de gente corajosa, sobretudo do seu Almirante português, Fernão de Magalhães.
Em 1519, iniciou-se uma das mais ousadas viagens marítimas da História, uma empreitada que reuniu cinco navios e mais de duas centenas de homens, com a missão de chegarem às Molucas por Ocidente.Uma época em que ainda se não sabia que o planeta era esférico. Uma viagem arriscada. O Pacífico, salvo o do sudoeste asiático, já conhecido pelos Portugueses, era praticamente desconhecido. Era ainda um mundo de lendas e povos bárbaros. Foi uma jornada de gente corajosa, sobretudo do seu Almirante português, Fernão de Magalhães.
A rota que seguiram foi
esta:
10 de Agosto
Partida da armada de Sevilha.
20 de Setembro
Partida de Sanlúcar de Barrameda.
26 de Setembro
Chegada a Tenerife (Canárias)
Depois de zarpar, já nas
Caraíbas, Magalhães recebe uma mensagem secreta do sogro Diego Barbosa dizendo
que os capitães espanhóis lhe vão dificultar o comando. Na verdade, só há
última hora, Magalhães consegue contratar 30 portugueses para a expedição
(Carlos V tinha-lhe imposto apenas cinco), já que os capitães espanhóis lhe
foram impostos sem alternativa. Quanto à tripulação era composta por um
conjunto de maltrapilhos que vagueavam pelas ruas e tabernas de Sevilha, de
várias nações: espanhóis, gregos (Corfu), pretos, bascos, portugueses,
italianos, alemães, ingleses, cipriotas. Todos “desperados”. Gente que venderia
a alma ao diabo.
Como o Almirante
português, em vez de tomar a direcção sudoeste, rumo ao Brasil, mantendo-se
junto à costa africana até à Serra Leoa, é questionado por Juan de Cartagena. O
episódio acaba com a detenção do fidalgo espanhol, conduzindo-o aos calabouços.
A nau San Antonio passa então para os
comandos de outro oficial espanhol, Antonio de Coca.
29 de Novembro
É avistada a costa do Brasil, perto de Pernambuco, mas
onde a frota não assenta arraiais. Continua a rota rumo ao sul.
13 de Dezembro
Chegada ao Rio de Janeiro
(Brasil), a que pusera o nome de baía de Santa Luzia, após uma viagem de 11
semanas ininterruptas. Já sob o domínio dos portugueses era pouco recomendável
que Magalhães aí desembarcasse, mas como os portugueses ainda não tinham criado
nenhuma feitoria nem havia o perigo de uma fortaleza com canhões defensivos, a
frota ancorou, desembarcaram e Pigafetta faz-nos o relato daqueles honrados canibais
que costumavam assar no espeto um ou outro inimigo morto, com se de um boi se
tratasse, cortando-lhes os melhores bocados.
Durante aqueles dias,
ninguém sofreu o mínimo agravo. Magalhães chegou em paz, e em paz volta a
partir, com os marinheiros desgostosos de abandonarem aquele paradisíaco local.
1520
10 de Janeiro
Passagem pelo cabo de
Santa Maria, onde Magalhães julga, segundo o mapa de Martinho da Boémia e
informações de exploradores portugueses, estar próximo do “passo”. A seguir
avistam uma pequena colina que se ergue sobre uma planície imensa a que dão o
nome de Montevidi (hoje Montevideu). Uma enorme tempestade obriga-os a
recolherem-se num enorme golfo que é a embocadura do rio da Prata. E, segundo o
relato de Pigafetta, estavam todos convencidos que tinham encontrado a tão
ansiada passagem para o Pacifico.
7 de Fevereiro
Convencidos que era
aquela a passagem, Magalhães demora 15 dias a explorar aquela imensa
embocadura. Desalentado, Magalhães segue para sul, com a costa cada vez mais
agreste e a temperatura mais baixa. O frio aperta. Nestas praias só há pinguins
e leões-marinhos.
24 de Fevereiro
A frota chega ao golfo de
São Matias.
É um golfo fechado. E
em vão se procede à exploração da baía dos patos e da baía dos Trabalhos. Os
tripulantes começam a mostrar descontentamento para gáudio dos oficiais
espanhóis.
31 de Março
Chegada ao porto de São
Julião
A frota demora dois meses
a percorrer a curta distância do rio da Prata e o porto de São Julião. Faz-se
um primeiro reconhecimento do golfo. E Magalhães decide passar o Inverno aqui.
2-3 de Abril
Repressão do motim na armada
Em São Julião, já no
Chile, os capitães amotinam-se (o plano foi admiravelmente concebido pelos
capitães espanhóis rebeldes). A nau San Antonio é tomada (e presos todos os
marinheiros portugueses, incluindo o amigo e primo de Magalhães, Álvaro
Mesquita) por Cartagena, Quesada e Coca, que entregam o comando a Juan
Sebastião del Cano, cujo nome aqui aparece pela primeira vez. Magalhães num
golpe de destreza, põe fim ao motim. Os revoltosos são postos a ferros.
Magalhães tem de dar uma lição, escolhe um dos revoltosos. Gaspar Quesada que
havia assassinado o fiel piloto Eloriaga é condenado à morte. E Juan Cartagena,
o cabecilha da rebelião, e um padre que a incentivou, são abandonados,
condenados ao degredo na Patagónia. Aos restantes rebeldes, o Almirante
português concedeu indulgentemente o perdão.
Ao primeiro sinal
primaveril, aparece no cimo de um monte um homem com o dobro da estatura de um
homem normal, a que Magalhães chamou “Patagão”, por ser enorme e ter uns pés
grandes. E, já com contactos feitos, os marinheiros observam que adoram um
feiticeiro, Setebos (cujo nome Shakespeare irá mais tarde utilizar em A Tempestade) Este relato é feito pelo
cronista da viagem, António Pigafetta.
22 de Maio
A nau Santiago afunda-se
Magalhães, pronto para
avançar na jornada, envia em viagem de reconhecimento a nau mais ligeira e mais
ágil, comandada pelo seu fiel capitão Serrão, a Santigo. Numa tempestade acaba
por se afundar, no rio de Santa Cruz. Salvaram-se três tripulantes: um preto
que ficou à espera de auxílio no rio santa cruz e dois marinheiros que
conseguiram dar a notícia a Magalhães.
24 de Agosto
Partida do porto de São
Julião.
Os náufragos da Santiago
são resgatados.
26 de Agosto
Entrada no rio de Santa
Cruz
18 de Outubro
Saída do rio de Santa
Cruz
Depois de dois meses de
descanso, segue viagem.
21 de Outubro
Entrada no estreito de
Magalhães
Finalmente no estreito
tão desejado! A primeira visão foi de um promontório de recifes brancos que
Magalhães baptizou de cabo de las
Virgines. A paisagem é estranha. Magalhães manda perscrutar minuciosamente
esta estranha enseada, ao contrário dos tripulantes (como relata Pigafetta),
que julgavam ser uma baía sem saída. O navio-almirante e o Victória ficam para
trás, com o objectivo de explorarem o recorte da baía. O San António e a Concepcion recebem ordens para avançar e
regressarem dentro de cinco dias.
Três dias depois,
Magalhães recebe a notícia de que aquilo deve ser um estreito com alegria
efusiva, e as quatro naus avançam estreito dentro. De dia não veem ninguém
naquelas terras desérticas, mas à noite observam fogueiras constantes. Por essa
razão denominaram a terra, Terra do Fogo.
A dado passo chega a uma baía que bifurca, torna a dividir a frota. A San
António e a Concepcion recebem ordens
para seguir a sudeste, enquanto as outras duas naus seguirão para sudoeste.
Devem reunir dentro de cinco dias, na embocadura do rio das Sardinhas. Nessa
altura, Magalhães reúne com os capitães na nau-almirante. Não se sabe o que
disseram, apenas um, Estevão Gomes, por sinal português, e de quem diziam ser
parente de Magalhães, se pronunciou dizendo que se o caminho foi descoberto,
era de opinião que deveriam voltar para trás pois a frota já não tinha
condições e repetir a viagem. Pigafetta não é justo com este homem
experimentado. E Magalhães manda apregoar a ordem de navio em navio: a viagem
continua. Contudo, o Almirante ordena secretamente aos seus capitães que
escondam a verdadeira realidade sobre os viveres à tripulação.
Magalhães deixa a
primeira missão de reconhecimento a um bote, durante três dias. Ao terceiro dia
o bote regressa com os marinheiros em alegria efusiva. Tinham dado com a saída para
o Pacífico (nome dado por Magalhães pela inexistência de ventos). Seguem em
procura das outras duas naus, mas só encontram a Concepcion. A San António
tinha desertado.
8 de Novembro
Rebelião na nau Santo António, que regressou a Espanha.
22 de Novembro
Magalhães ordena que se
abandone o porto do rio das Sardinhas.
28 de Novembro
Saída do estreito e
entrada da armada no oceano Pacifico, um mar desconhecido (os portugueses já
conheciam o Pacifico do sudoeste asiático. O próprio Magalhães por lá ando e
1509-11).
16 de Dezembro
Começo da travessia do oceano Pacifico, com o cabo
Desejado ficando para trás.
1521
13 de Fevereiro
Passagem do Equador
As três embarcações que
restam estão em péssimas condições. Os tripulantes estão exaustos, com
fome. Segundo o relato de Pigafetta,
chegam a comer bocados de couro de boi que cobriam a grande verga que impediam
que o cordame se partisse. São 3 meses e 20 dias de fome. Chegam às ilhas que
chamaram Desaventuradas por serem
constituídas por rochedos inóspitos.
6 de Março
Chegada à ilha dos Ladrões (Marianas).
Mal tiveram tempo de ancorar e já várias canoas se
aproximaram das naus roubando isto e aquilo. Magalhães envia a terra 40 homens
armados e dá uma lição aos , queimando algumas cabanas e pilhando
víveres que os salvam da morte certa.
16-17 de Março
Chegada às Filipinas (ilha de Suluan, perto da ilha de
Homonhon, sendo o arquipélago denominado de São Lázaro).
28 de Março
A frota chega à ilha de Massava. É aí que Enrique,
o escravo do Almirante, houve faipos da sua língua. Tinha sido o primeiro homem
a dar a volta ao mundo!
4 de Abril
7 de Abril
Após três dias a frota
chega a Cebu. Magalhães cria laços de amizade com o seu rei, que chegou a ser
baptizado como Carlos Humabon.
27 de Abril
Morte de Fernão de
Magalhães numa batalha travada na ilha de Mactan (junto a Cebu).
A propósito de dar uma
lição militar a Cilapulapu, um rajá que proibiu os seus súbditos de fornecer
víveres aos estrangeiros, é morto em combate., cujo corpo covardemente não foi resgatado.
1 de Maio
Assassínio de numerosos
tripulantes num banquete em Cebu.
Depois da morte de
Magalhães, os navegadores caem numa cilada do rei de Cebu, a pretexto de um
convite. São chacinados 29 incluindo os seus capitães e João Serrão, rechaçado
à vista de todos e de João de Carvalho, agora o comandante supremo.
2 de Maio
8 de Novembro
Chegada das naus Victoria
e Trinidad a Tidore.
1522
25 de Janeiro
A Victoria chega a Timor
5 de Fevereiro
Fuga para Timor de Martim de Aiamonte e de Bartolomé
de Saldanha, dois dos tripulantes da Victoria.
8 de Fevereiro
A Victoria
deixa Timor
A 13 de Fevereiro de 1522, Del Cano zarpa
rumo a Sevilha de um porto de Timor. Tem de evitar os portugueses, mas já tem
muita informação sobre a navegação do Índico e do Atlântico. Já não vai às
cegas, enquanto Magalhães havia feito o que nenhum outro havia ainda tentado!
Depois de abastecidos com toda a riqueza que
Magalhães esperava encontrar, chega a hora de regressar ao ponto de partida. Só
uma nau está em condições de fazer a viagem – a de El Cano. A este conspirador
contra Magalhães, no motim do porto de São Julião; traidor que quis impedir que
Magalhães continuasse, cabe a sorte de acabar o que Magalhães programou,
planeou e, de certa forma acabou. Porque nesse motim, Magalhães lhe concedeu
indulgentemente o perdão. Gomez de Espinosa, o fiel capitão de Magalhães teve
de aguardar nas Molucas enquanto a Trinidad era reparada.
13 de Fevereiro
Localização de Timor e da ilha de Bornéu |
6 de Abril
A Trinidad
parte de Tidore para Norte, com o objectivo de atravessar o oceano Pacifico e
chegar a Darien no Panamá, não o conseguindo, e por essa razão regressa mais
tarde às Molucas
18 de Maio
A victoria
passa o cabo da Boa Esperança.
9 de Julho
A Victoria
chega à ilha de Santiago (Cabo Verde).
Cambaleando de fadiga, os 31 marinheiros que restavam dos 47 embarcados em Timor, através de uma patranha são ajudados pelos portugueses em Cabo Verde, onde chegam a 9 de julho. Detectada a vigarice, poem-se em fuga, abandonando covardemente os companheiros que se haviam deslocado a terra em batel. A Sevilha chegam 18
Cambaleando de fadiga, os 31 marinheiros que restavam dos 47 embarcados em Timor, através de uma patranha são ajudados pelos portugueses em Cabo Verde, onde chegam a 9 de julho. Detectada a vigarice, poem-se em fuga, abandonando covardemente os companheiros que se haviam deslocado a terra em batel. A Sevilha chegam 18
14 de Julho
Na ilha de Santiago, os portugueses prendem 13
tripulantes da Victoria.
4 de Agosto
A Victoria
passa pelos Açores
6 de Setembro
A Victoria chega a Sanlúcar de Barrameda com 18
tripulantes sobreviventes:
Francisco Albo
Miguel de Rodes
Juan de Acurio
Martin de Yudicibus
Hernando de Bustamonte
Hans Vargue
Diego Gallego
Nicolas de Nápoles (Nicolas, o Grego)
Miguel Sanchez
Francisco Rodriguez
Juan Rodriguez
Antonio Hernadez
Juan de Arratia
Juan de Santander
Vasco Gallego (Vasco, o Português)
Juan de Zubileta
Antonio Lombardo
(Antonio Pigafetta)
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