domingo, 17 de março de 2019

Fernão de Magalhães a um passo de Enrique, o seu escravo


Quando a frota de Magalhães, agora constituída apenas por três naus, chega, a 28 de Março de 1521, a Massava, a minúscula ilha das Filipinas, “o povo acorre, alegre e curioso, a esperar os desconhecidos”. 
Por precaução, antes de desembarcar, o almirante português, envia a terra o seu escravo Enrique (que havia adquirido entre 1509 e 1511 quando andou por terras do sudoeste asiático ao serviço de Francisco de Almeida e Afonso de Albuquerque), convicto que os nativos confiariam mais num homem de pele escura, do que nos de pele branca. De facto, assim foi. Como foi o que aconteceu a seguir.  
Os insulanos seminus rodeiam Enrique, gritando e gesticulando. E, subitamente, o escravo malaio de Magalhães pasma, porque entende tudo o que aquela gente lhe diz. Tinha voltado a casa, depois de há largos anos ter saído da sua terra natal em companhia de Magalhães. 
Estátua de Henrique de Malaca
no Museu Marítimo de MalacaMalásia
Volta agora, tantos anos depois de sair de  Sumatra, a sua ilha natal,  e arrastado pela Índia e pela África até chegar a Lisboa, à Europa, a ouvir fiapos da sua própria língua. Esta circunstância tornou Enrique (e não El Cano) o primeiro homem a dar a volta ao mundo! 
E Magalhães, o almirante português, que antes de sair de Sevilha, em testamento tinha deixado que, se morresse em viagem, Enrique se tornaria num homem livre, ficou a um passo do seu escravo. A cerca de 2500 km de igualar a façanha de Enrique.
A grandeza de Enrique não está pois, na sua condição (a de escravo), mas sim no seu destino!
A serem celebrados os 500 anos da primeira viagem de Circum-navegação, dois homens (para além dos que morreram e dos que não concluíram a volta) devem ser amplamente homenageados: Magalhães e Enrique.
Dos sobreviventes e que acabou por chegar a Sevilha juntamente com El Cano, e que merece as mesmas honras de Magalhães e Enrique, chama-se António Pigafetta, o cronista da viagem , a quem devemos a mais fiel informação da mesma.

Armando Palavras

Sem comentários:

Enviar um comentário

Ucrânia assinalou ontem, 90 anos do Holodomor

     https://pt.euronews.com/2023/11/25/ucrania-assinala-os-90-anos-do-holodomor   Fomos mortos por sermos ucranianos