quarta-feira, 21 de março de 2018

Ode a uma árvore



Ode a uma árvore                                                                                  

Árvore, minha irmã na natureza,
De ti recebo seiva, sombra e frutos.
E foi contigo que aprendi, também,
A amar a tua generosidade e beleza,
Com a ajuda do saber da minha mãe.

Quando os meus olhos castanhos,
Se deleitavam a contemplar  
Os teus braços fortes e delicados,
A dançarem com o vento norte.  
Quando acolhiam as avezinhas,
No jardim, na floresta ou no deserto,
Para construírem seus ninhos,
Virados para o céu aberto.

E foi com o dançar dos teus ramos,
E o som harmonioso da sua folhagem,
Nas calmas manhãs de Primavera,
Que uma constante e suave aragem
As fazia balançar, qual quimera,
Que eu imaginei cantares Gregorianos,
Numa catedral com mais de mil anos.

E também foste tu, querida árvore,
Que me ensinaste a crescer.
Quando convivíamos lado a lado,
E eras tão frágil quanto era eu,
Também há pouco tempo nado,
Que se uma delicada borboleta
Pousasse em ti não a podias suportar,
Nos teus bracinhos virados para o céu,
À espera da chuva e da luz solar.

Até que te tornaste um gigante,
De tronco forte e braços enormes,
Capaz de enfrentar a todos os momentos,
A incúria do homem e a fúria dos elementos.
Por isso, quero crer que vais morrer de pé,
Mas se tal não acontecer, podes acreditar,
Que eu, abraçado ati, de certeza vou chorar.

In Livro “O Clamor dos Campos” - Colibri Edições
            (Poema alterado)

               João de Deus Rodrigues
     

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