À hora marcada,
Carlos Fiolhais estava à porta do Departamento de Física de chave na mão. O dia
era de tolerância de ponto, para recuperar das festividades natalícias, e a
Universidade de Coimbra estava praticamente deserta. Mas o físico e divulgador
de ciência, que se assume sempre disponível para responder aos jornalistas, não
viu qualquer impedimento com a escolha da data.
Ainda mal tinha
aberto a porta da Biblioteca Rómulo de Carvalho, onde decorreu a entrevista, e
já dava início a uma visita guiada, falando com o entusiasmo de quem é
completamente apaixonado pelos livros. Correu as estantes como se conhecesse de
cor o sítio dos livros que queria usar como exemplo. Se não os encontrava a
resposta era simples: tinham sido requisitados. Um dia voltariam. Porque é
assim que entende os livros de uma biblioteca, para serem usados e levados para
casa.
A biblioteca tem
cerca de 30 mil livros, mas apenas uma pequena parte se encontra exposta nas
estantes das duas salas. Muitos destes livros foram cedidos pelo próprio Carlos
Fiolhais, que admite que todos os dias traz alguns livros da sua biblioteca
pessoal. Nesta biblioteca dedicada à cultura científica não há espaço para
manuais de ciências, mas cabem todos os livros que de alguma forma abordem a
ciência, sejam de poesia, banda desenhada ou de ficção científica.
A conversa durou
várias horas, poucas para ouvir todas as histórias que Carlos Fiolhais tinha
para contar. Além dos livros, das bibliotecas que dirigiu e do trabalho
científico que tem realizado, o físico de 61 anos contou como ganhou um prémio
de pintura, como ficou preso numa gruta, porque escreveu para o jornal da
diocese ou como viveu o 25 de Abril sem grandes problemas.
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