domingo, 21 de janeiro de 2018

Entrevista a Carlos Fiolhais


Vera Novais – OBSERVADOR


À hora marcada, Carlos Fiolhais estava à porta do Departamento de Física de chave na mão. O dia era de tolerância de ponto, para recuperar das festividades natalícias, e a Universidade de Coimbra estava praticamente deserta. Mas o físico e divulgador de ciência, que se assume sempre disponível para responder aos jornalistas, não viu qualquer impedimento com a escolha da data.
Ainda mal tinha aberto a porta da Biblioteca Rómulo de Carvalho, onde decorreu a entrevista, e já dava início a uma visita guiada, falando com o entusiasmo de quem é completamente apaixonado pelos livros. Correu as estantes como se conhecesse de cor o sítio dos livros que queria usar como exemplo. Se não os encontrava a resposta era simples: tinham sido requisitados. Um dia voltariam. Porque é assim que entende os livros de uma biblioteca, para serem usados e levados para casa.
A biblioteca tem cerca de 30 mil livros, mas apenas uma pequena parte se encontra exposta nas estantes das duas salas. Muitos destes livros foram cedidos pelo próprio Carlos Fiolhais, que admite que todos os dias traz alguns livros da sua biblioteca pessoal. Nesta biblioteca dedicada à cultura científica não há espaço para manuais de ciências, mas cabem todos os livros que de alguma forma abordem a ciência, sejam de poesia, banda desenhada ou de ficção científica.
A conversa durou várias horas, poucas para ouvir todas as histórias que Carlos Fiolhais tinha para contar. Além dos livros, das bibliotecas que dirigiu e do trabalho científico que tem realizado, o físico de 61 anos contou como ganhou um prémio de pintura, como ficou preso numa gruta, porque escreveu para o jornal da diocese ou como viveu o 25 de Abril sem grandes problemas.

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