O Papa saudou os
astronautas e foi cumprimentado pelo astronauta Nespoli em italiano. A partir
daí falou em italiano com os membros da tripulação e Paolo Nespoli encarregou-se
das devidas traduções.
O Papa fez perguntas e
recebeu respostas de todos os astronautas – Centro Televisivo Vaticano
“Dr. Nespoli, o que
pensa, segundo a sua experiência no espaço, sobre o lugar do homem no
Universo?”, perguntou o Papa aos astronautas.
Paolo Nespoli disse que era
uma resposta complexa. Assumiu-se um técnico, um engenheiro, e que tinha
dificuldade em responder a esta pergunta. O objetivo dos astronautas na EEI é o
conhecimento. Se teólogos, filósofos, escritores e poetas fossem ao espaço
poderiam melhor responder a esta questão, escusou-se o astronauta.
“É verdade o que diz”,
concluiu o Papa. E seguiu com a próxima pergunta.
Fazendo alusão ao quadro
que se encontrava na sala, o Santo Padre perguntou o que os astronautas,
enquanto técnicos e engenheiros, pensavam do amor que move o universo. E foi
surpreendido com uma resposta em russo pelo engenheiro de voo Alexander
Misurkin.
O astronauta da Roscosmos
fez referência ao livro do Principezinho, de Antoine de Saint-Exupéry,
lembrando que o amor é a força que nos dá a capacidade de dar a vida por outra
pessoa ou ser. O Papa Francisco concordou e agradeceu as palavras.
Agora uma curiosidade,
porque o homem é curioso, confessou o Santo Padre: “O que os levou a serem
astronautas? Que coisas lhes dão prazer nesta estadia na Estação Espacial
Internacional?”
Sergey Ryazanskiy,
astronauta da Roscosmos, respondeu em inglês que os elementos presentes
representam pessoas diferentes, de países diferentes, com histórias diferentes.
No seu caso, a história começou com o avô que foi um dos responsáveis pela
construção do primeiro satélite, o Sputnik, e é com grande orgulho que se vê
continuar este caminho.
Os voos espaciais são
sempre a fronteira para nova tecnologia, nova ciência e novas abordagens”,
disse Sergey Ryazanskiy.
“A minha maior alegria é
olhar pela janela e ver o trabalho de Deus pelo mesmo ângulo que ele vê”,
respondeu o comandante americano Randy Bresnik. “É impossível uma pessoa chegar
aqui e ver a indescritível beleza da Terra e não ser tocado na alma.” Uma das coisas
que fascina o astronauta é a paz e a serenidade do planeta que se vê do espaço:
sem fronteiras, sem conflitos, só paz. Olhar para a atmosfera fina e perceber
como a nossa existência aqui é frágil.
Continuando com a
curiosidade que assumiu, o Papa Francisco perguntou como é que os astronautas
lidam com as mudanças tão rápidas que acontecem no espaço, como é que sem
gravidade distinguem o que está em cima e o que está em baixo.
Os seis astronautas na
Estação Espacial Internacional: (à frente, a partir da esquerda) Alexander
Misurkin, Paolo Nespoli e Randy Bresnik e (atrás, a partir da esquerda) Mark
Vande Hei, Sergey Ryazanskiy e Joe Acaba – Centro Televisivo Vaticano
De facto, viajar no
espaço modifica as perceções dos astronautas, até as coisas mais familiares se
tornam muito diferentes, assumiu o astronauta americano Mark Vande Hei. O
astronauta da NASA contou que, por vezes, quando está a trabalhar numa coisa
muito próxima, está tão concentrado que não se apercebe que rodou sobre si
próprio. Depois, quando vai para outro módulo, e chega a ele por um ângulo que
não esperava sente-se um pouco confuso enquanto tenta perceber onde está.
O astronauta admitiu que
o que tem sido surpreendente para ele é que, embora neste ambiente não precise
do conceito de cima e baixo, precisa de definir que direção quer percecionar
como cima para ter noção das coisas.
Como última intervenção,
o líder da Igreja Católica reforçou a importância da colaboração para se
conseguir um empreendimento tão grande como a permanência na EEI e a exploração
espacial. Joe Acaba, o astronauta norte-americano originário de Porto Rico,
confirmou que a EEI é de facto um grande exemplo de colaboração internacional.
É a nossa diversidade que
nos torna mais fortes. Precisamos de compreender quem somos enquanto indivíduos
e respeitar quem está à nossa volta, porque trabalhando juntos conseguimos
fazer coisas muito maiores do que conseguiríamos enquanto indivíduos”, disse
Joe Acaba.
“A totalidade é mais do
que a soma das partes”, conclui o Papa Francisco.
“Rezem por mim, que eu
rezarei por vós”, terminou o Sumo Pontífice.
A intervenção do Papa
Francisco não fez qualquer referência à Ciência, à Pontifícia Academia das
Ciências, à Encíclica de 2015 ou às alterações climáticas, como era especulado
por alguns meios de comunicação social antes do evento.
Sem comentários:
Enviar um comentário