quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Guardas Florestais, cantoneiros, latoeiros e outros gajos porreiros


BARROSO da FONTE
Serviram de travesseiro ao Estado Novo. Os  democratas abrilinos, com nojo dos percevejos em que esses obreiros encostavam a cabeça, «queimaram-nos». Foram outros incêndios, à moda daqueles que deflagraram, vai para três meses, em Pedrogão e em Castanheira de Pera. Os facínoras são idênticos. Só mudaram as moscas. As vítimas são semelhantes: ontem eram os mendigos do orçamento geral do Estado. Hoje são aqueles que não podem fazer-se ouvir: escondidos entre eucaliptos, por ali semearam corpos, haveres e esperanças de vida. À solidariedade dos humanos que reuniu catorze milhões de euros para  atalhar à crise humanitária, sobrepôs-se a esperteza saloia dos «reguilas» de todas as tragédias.
A onda destruidora que os políticos Portugueses, desalmadamente fizeram, mal chegaram aos ministérios e secretarias de estado, consistiu em cada um, mudar as regras, mudar os processos, e extinguir os meios que o Estado Novo tinha adquirido e que poderiam e deveriam manter-se como património publico, porque não eram esses utensílios, essa maquinaria e essas regras que estavam erradas. Erradas estiveram as pessoas que nada percebiam da poda, mas pretendiam botar figura democrática, destruindo, alterando, anarquizando.
Com a fúria revolucionária de mudar tudo e todos, através do golpe de Estado de 25 de Abril de 1974, encheu-se o país de teóricos que trocavam o saber pelo poder. A Reforma Agrária  foi das mais gritantes aberrações.  E por isso começaram por empobrecer o país. O Estado Novo tinha distribuído  por gente sem eira, nem beira, casas e terrenos baldios, onde sobravam. No interior do país nasceram diversos aldeamentos. Casas em granito, quase uniformes, distribuídas  pelos cabaneiros locais ou jovens famílias que passavam a ter casa, terras, utensílios, ferramentas e apoios comunitários.
Muitas famílias se radicaram em aldeamentos que ainda existem por exemplo, nas Terras de Barroso. Onde mais tarde  apareceram povoados como: em Criande, na Aldeia Nova, Vidoeiro,  na Veiga e no Alto de Fontão. Estes bastam para exemplo de muitos outros.
Foram centenas e centenas de famílias que se estruturaram e implementaram nas Terras de Barroso. Conhecemos de perto esses povoados da chamada Junta de Colonização Interna. Altamente positiva essa política de radicação.
 Alguns desses casais, foram, logo a seguir à revolução de Abril, tirados a famílias que emigraram, ou outras que a revolução entendeu perseguir. Várias dessas casas foram adquiridas por particulares, que delas não precisavam e, mediante processos espúrios, nunca reprimidos. Em casos recentes foram  algumas casas, registadas em nome de políticos e familiares com as quais concorreram a fundos comunitários. Esses projetos conseguiram ser aprovados por autarquias, obtiveram apoios a fundo perdido da ordem dos 170 mil euros. E estão a ser utilizadas para fins que permitem ao zé povinho, pensar que há razões que a própria razão desconhece.
  O atual ministro da Agricultura, conheceu alguns desses casos melindrosos. Ele próprio, atribuiu verbas astronómicas para centros de formação que num dos seus últimos mandatos se transformaram em antros da corrupção, mais claro. Chegámos a denunciar esse caso há cerca de ano. Ainda aguardamos explicações. E conservamos as provas do crime que implica muita gente que canta de galo.
Por essa altura não havia incêndios à escala do que sucede hoje. Porque os  terrenos eram poucos para a muita gente disponível. Essa balbúrdia revolucionária foi responsável por aquilo que se seguiu e que teve neste desgraçado Verão de 2017 o maior drama de que há memória. Alguns dos causadores desta calamidade andam por aí a distribuir abraços, a prometer tudo e mais alguma coisa e a culpabilizar quem nada ou muito pouco teve a ver com isto.
 O norte do país está  povoado de Casas dos Guardas Florestais. Elas próprias situam-se no meio das matas. E vão na voragem como se fossem centros de malfeitores.
Paralelamente, os tais teóricos revolucionários, que galgaram para os lugares sumptuosos do poder, extinguiram outra classe que limpava e consertava as estradas, municipais e nacionais. Ganhavam pouco e faziam muito. Entre terrenos periféricos, ao longo das vias de comunicação, estavam sempre limpos os espaços que, desde aí,  não mais foram limpos e que são hoje, chão arborizado para impedir a passagem dos bombeiros e dos proprietários que se limitam a deitar as mãos à cabeça e a praguejar, no seu íntimo, contra a corja de incendiários que - não são apenas os tristes coitados que não medem as consequências. Essa corja anda por aí disfarçada, a vender banha de cobra, na tentativa de provar que veio para nos salvar quando, diz a experiência, que faz parte do problema e tenta enredar a teia para sair sobressair como herói.
  Faça o leitor um exercício mental para medir o que era e o que é a agricultura portuguesa, antes e depois da revolução de Abril. Quantos dela e para ela viviam; e quantos nela e dela se alimentam hoje. Ressuscitem  os méritos e deméritos públicos que os guardas Florestais, como os cantoneiros, os moleiros e tantas outras ocupações rurais que existiam e desapareceram com as moscas.
António Costa veio agora, regenerar-se ao prometer que vai recuperar metade das Casas Florestais. Um canal televisivo fez uma reportagem encomendada e valeu pela oportunidade temática. Mais vale tarde do que nunca. A União Europeia teve culpas acrescidas, quando assediou Portugal para aderir aos seus sortilégios. Com a sua entrada chegou a salvação para muitos, mas entrou, ao mesmo tempo, a imoralidade. Extinguiram-se muitas práticas exclusivas de Portugal, mormente na da área agrícola. A UE pagou para deixarmos de trabalhar os campos que era aquilo que sabíamos fazer. Passámos a comer do pior que a Europa tinha, como a batata. Pagou para não se produzir.
Os campos despovoaram-se. As terras que davam produtos excelentes, dão hoje tojos, ervas daninhas e lenha para propagar as desgraças. Os prejuízos são desproporcionais. As consequências desse engodo estão à vista. E nem sequer se lembra António Costa de colocar milhares de utentes do Subsídio de Desemprego a vigiar as florestas. Não se livra ele de ser apontado como causa próxima da bandalheira moral que o país vive. Portugal mergulhou num pântano de que dificilmente irá sair.

6 comentários:

  1. Não conhecia o blogue. Gostei e vou seguir.

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    1. Siga, siga. E se quiser mandar alguma coisa tem o endereço electrónico acima.

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  2. Tantas das Muitas linhas direitas que são clarividentes, só que ao meter ao bolso é que são elas!!!! Alerta Alerta Alerta, A ssassinaram o Rei!!!
    ... 100 anos Cyladas/Culapsusns

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  3. '' Cristina Torrão, livro D.Dinis A quem chamaram O LAVRADOR romance histórico '' a rever !!!!

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  4. https://3.bp.blogspot.com/-Vj2XCre4EUc/WYNWLtRnfuI/AAAAAAAA2xk/e2XlO3cQXwE8C6nIGiCXlZLp0WKXiNUwACK4BGAYYCw/s1600/ddinis-cristinatorrao.jpg

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