BARROSO da FONTE |
Quem o
disse foi António Barreto, quem o pratica é o governo que perdeu as eleições. E
quem goza com esta situação, consentindo-o, descaradamente, são os pequenos
partidos da geringonça que, para chegarem ao poder, dobraram a espinha e a
espinhela, seduzidos pelo bruxo-mor que nessa jogada luxuriante, passou de
besta a bestial.
Com essa
jogada titubeante, a política portuguesa entrou num redemoinho fantasmagórico.
O derrotado virou herói, o herói, virou derrotado, a coerência antagonizou-se e
o que hoje é verdade, amanhã já é mentira. Sem tirar nem por. Branco é, galinha
o põe.
A
política passou, numa espécie da noite de bruxas, de ideal democrático para exercer a justiça, a
ordem, a paz, a uma oportunidade quixotesca de assaltar o poder.
O ano de
2015 ficará na história, como a armadilha pirotécnica, capaz de inverter tudo e
todos, em tempo recorde e com total desfaçatez pela ética, pelos valores
morais, pela justiça, pela ordem e pelo primado da vida humana.
Os
fenómenos cósmicos de Pedrogão Grande nunca se tinham, sequer, imaginado. As
trovoadas secas eram suposições cavernosas, nunca vistas e por isso,
inimagináveis, num verão em que o derrotado feito herói, para mais ateu
declarado, foi bafejado pelo chifrudo, Belzebu. Nada de anormal para quem foi
herói à força da geringonça que desta forma virou tudo do avesso.
A norma
diluiu-se com o calor da fibra do SIRESP, porque em vez de seguir a sua marcha
subterrânea, por mais fácil e muito mais lucrativa, falhou rotundamente a sua
missão. Afinal, 44 ou 45 cadáveres (para o chifrudo) tanto importa. Outros
incêndios se seguiram, com tudo o que acontecera, como se nada tivesse
acontecido. Alijó, Mangualde, Viana do Castelo e outras florestas, empobreceram
o país, causaram vítimas às dúzias, prejuízos aos milhões. Mas não rolaram
cabeças porque, a ministra até chorou no ombro dos enlutados. O ministro, nem
fez nem desfez, porque a política não pode responsabilizar fenómenos anormais.
Nem roubos escandalosos. É mais fácil gastar 700 milhões em armas do que
apressar a situação das vítimas de Pedrogão Grande que perderam vidas
inocentes, viram os seus haveres reduzidos a cinzas... e o capataz desta geringonça, estribado no
silêncio da rapaziada que não quer fazer ondas, para manter os apoios do poder
que nada custou a ganhar, arrasta-se na lama dos caminhos como se nada fosse
com eles.
Perante esta lassidão, António Barreto diz que
«António Costa não foi carne, nem foi peixe». Para ele e para os seus
ministros, assessores e diretores gerais «qualquer problema grave e sério é
culpa do governo anterior. Isto é uma mediocridade política, de uma falta de
honradez, de honestidade e de uma covardia chocante».
Mas com
esta serenidade, esta calmaria, esta lassidão da irreconhecível juventude da esquerda,
o primeiro ministro irrita-se com a Atice porque não gosta dos emigrantes que a
gerem. Maltrata os investidores, talvez porque um deles é de Vieira do Minho e
fala um português afrancesado. Mas pragueja e manda praguejar a sua gente,
contra um candidato à Câmara de Loures por este dizer verdades como punhos.
Avisa ele que se ganhar a Câmara vai acabar com subsídios a ciganos e outros
que por ali moram e vivem com vida faustosa, ao lado de outros que trabalham
honestamente, não roubam, não passam drogas, não se metem com a vizinhança e
auferem salários inferiores.
Toda a
esquerda, em uníssono, diabolizou o candidato que teve a coragem de anunciar
que vai manter a sua opção. Não é hipócrita, diz aquilo que se passa na
sociedade portuguesa, sejam em relação aos ciganos, seja em relação a quantos
agem como eles.
É público e notório que uma grande parte,
sobretudo desse tipo de gente, tem vivido em Portugal de maneira encoberta,
sombria e nada transparente. Chega a constituir um paradoxo indecifrável aquilo
que os sucessivos governos fazem: os marginais, através de esquemas
excêntricos, vivem melhor no desemprego do que muitos que trabalham
honestamente, trabalhando e cumprindo as regras cívicas. Aqueles não trabalham,
não cumprem a normalidade, fomentam vícios e desordens. Uns auferem os
subsídios sociais, sob a capa de cursos de formação que ninguém controla, nem
conhece. Outros têm casas de renda social que não merecem e as mordomias
municipais relacionadas com esse estatuto. Os governos sabem que assim é. Mas
viram a cara para o lado. Comprometem as polícias que tem de apagar os
incêndios que os políticos geram. Depois de serem esses agentes da autoridade a
impor a ordem, mesmo que haja algum exagero, são os políticos que vêm acalmar
os desordeiros, responsabilizando quem deu o corpo às balas. Anda tudo
invertido com esta classe, sem eira, nem beira, que não quer trabalhar, não
quer aprender, não sabe viver em sociedade. Cria as desordens, gera a
perturbação, amedronta constantemente a vizinhança, não declara os seus
rendimentos e, na hora de averiguar os desacatos, em catadupa, caluniam,
ameaçam e reclamam inocência.
Quem não
atura este primeiro ministro é o seu camarada Henrique Neto que acaba da
anunciar a sua desfiliação do PS, afirmando: «António Costa tem a maior carga
de responsabilidade pelo que fez e pelo que não fez. É para mim óbvio que só me
resta a decisão de me demitir de militante do Partido Socialista".
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