quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Livro: «Poemas simples para corações inteiros»


JORGE LAGE
 Acompanho o percurso de escrita da Virgínia do Carmo há uns quinze anos e foi a clareza e a criatividade da sua escrita que me cativaram. Foi com expectativa que soube da edição do seu novo livro, «Poemas simples para corações inteiros», na «Colecção Poesia», da «poética edições». O livrotem desenhos do filho Bernardo e foi apresentado, na Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro em Braga, dia 17 de Junho, pelas 17H00 e contou com uma brilhosa assistência. A poetisa, Lídia Borges, fez uma brilhante e detalhada apresentação, com leitura de alguns poemas, acabando por contagiar os restantes participantes e muitos (mesmo crianças, leram vários poemas. O livro está dividido em duas partes, «Do mundo de mim» com dezasseis poemas e «Do íntimo» com vinte e nove poemas. É um livro com um «universo poético feito de raízes num solo de afectos fecundo» que mexe com os leitores. Actuou o Grupo de Cavaquinhos desta Casa Regional em caloroso convívio e com jantar ao jeito e sabor dos santos populares. Parabéns à organização e em especial à Virgínia por mais este bom livro! Pode ser consultado em poeticaedicoes.blogspot.com e pedido nas livrarias ou a geral@poetica-livros.com .

Jorge Lage – jorgelage@portugalmail.com – 15JUN2017

Provérbios ou ditos:
Junho provém de «Iunius» porque os romanos dedicaram este mês à sua deusa «Juno», protectora da mulher e deusa do lar.
      Chuva de Julho, por Santa Marinha, vem com a cabacinha; por São Tiago traz o canado.
      De castanhã em castanhã se faz a má manhã (Os maus hábitos vão entrando aos poucos).
      Pelo São Tiago, na vinha acharás bago; se não for maduro, será inchado.

O Medo *

Tenho medo de chegar tarde.
Medo de tudo já ter acontecido à minha
porta antes de eu própria habitar a minha casa.

Tenho medo que o medo me ate as mãos
enquanto durmo. Tenho medo de chegar
cedo e que nada mais chegue depois.

Tenho medo que me caia dos bolsos
esse papel gasto onde escrevi
à pressa
a morada da alegria
enquanto corro para fugir da tristeza.

E tenho medo das cicatrizes dos outros.
E do útero seco de um mundo sem lágrimas.

Tenho um medo tão cheio de medos dentro
que receio afundar-me com o peso dos sustos.

* Virgínia do Carmo, in «Poemas simples para corações inteiros», Abril 2017,
Jorge Lage – jorgelage@portugalmail.com – 05JUL2017


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