“Angola:
2012-2014” é um volume de 107 páginas onde o autor anotou um conjunto de
pequenos episódios engraçados que, no seu conjunto, constituem as suas memórias
de sete meses passados em Angola, neste período difícil, em que se viu obrigado
a uma emigração “forçada”.
Em ligeiras
pinceladas, Amadeu Martins, Engº de construção civil, transmontano de rija
têmpera (nascido em Lagoaça), descreve-nos o ambiente social angolano, a natureza
das infra estruturas como o lamaçal ou a lixeira do
Cajueiro, os “esquemas” de sobrevivência que por lá proliferam, não tivesse
também ele de neles participar, ao passar-se por Bispo da Igreja Metodista na
visita ao Uíge. O episódio escrito com a simplicidade do autor merece ser aqui
transcrito:
“No caminho, o
primeiro controlo da policia (imigração). A minha situação não é completamente
regular uma vez que estou com visto ordinário (que não me permite trabalhar) e
eu estou em trabalho! Mas a lição está estudada!
- Bom dia! Aonde
vão!
- Uíge, diz o
motorista.
- Em visita à
Igreja Metodista. E aponta para o símbolo da igreja que está colado na porta do
jipe, e que é propriedade da Universidade Metodista!
-Este Srº é Bispo
da Igreja, diz, apontando para mim.
-Sim Srº. Façam
boa viagem!
- Obrigado, disse
eu em voz alta. E Deus vos abençoe, disse a seguir (desta vez só para o Nelo
ouvir …).
- É por isto que
gosto de conduzir este jipe. É sempre a andar …
O volume está
cheio de pequenos episódios deste tipo. A dada altura, a exercer as funções de
professor em Cabinda, a alunos do 11º ano, numa aula de redes de abastecimento
de água a uma habitação, pergunta:
- Tendo chegado à
conclusão que o raio do tubo de água é de 2, 38 cm, qual é o valor do diâmetro?
- 6 metros!
Foi a resposta
pronta do aluno.
Este volume pelo
cariz pessoal que encerra, é uma edição de autor, editado pela Exo-terra (por sinal uma bela edição com uma capa lindíssima onde contrastam o azul e o sépia, profusamente ilustrada a preto e branco com fotografias do autor), com o
único objectivo de chegar às mãos de uma centena de amigos. O autor, nosso
Amigo de sempre, não quer publicitá-lo. Mas nós, contrariando-o, entendemos
escrever estas linhas simples pelo conteúdo que aborda. Armando Palavras
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