Artur Soares – Escritor d’aldeia |
Não pretendo (hoje) debruçar-me sobre se a dupla António
Costa/Marcelo Rebelo de Sousa é melhor que a dupla Passos Coelho/Cavaco Silva.
Muito se poderá escrever já sobre estes quatro políticos, em que a dupla passada
já exerceu funções e estes, exercem-na agora. Todavia, um pormenor será de
realçar já: a dupla passada, conflituavam-se entre si, e a dupla actual
entreajudam-se.
Mas vamos ao essencial desta crónica, deste lamento. Noticiaram
alguns jornais que o presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa,
condecorou a título póstumo, no dia um de Maio, com a grã-cruz da Ordem da
Liberdade, o eurodeputado Miguel Portas, eleito pelo Bloco de Esquerda, “data
que também coincidiu com o aniversário da sua morte”. Pessoalmente tal condecoração não me faz mossas, não me provoca choros
nem risos, mas perturba-me porque sou português.
Ordem da Liberdade! Quem não conhece as “amplas liberdades”
comunistas ou trotskistas que por certas partes do mundo falham? Liberdade, com
extrema-direita ou extrema-esquerda, onde está? Que feitos realizou este
condecorado em prol da Nação, do Povo Português? Não foi Miguel Portas um
eurodeputado eleito, bem pago, isto é, um político normal como outros?
Notava-se sim, ser um político sério, competente, simpático, mas irónico quanto
bastasse. Mas, con-de-co-rá-do!?
Sabe-se que o presidente da República, manifestou já a
intenção de reduzir o número de condecorações e só ele saberá porquê. No
entanto verifica-se que esta condecoração de Miguel Portas muito pouco ou nada
diz ao país. António Costa, sob a fita-cola que o segura no Governo, agradece a
condecoração. Trata-se de um militante do BE que forma o Governo “geringonça”,
cognominado por Paulo Portas, irmão do condecorado, que, politicamente eram
adversários.
O Presidente pactuou com a condecoração e os comunistas não
estão livres de terem também um futuro condecorado – que podia ser Rosa Coutinho,
que mandou Agostinho Neto atirar a matar aos civis brancos, que impedissem a
comunização de Angola - e, portanto, fecho-ecler à condecoração de M. Portas.
Pelo que se analisa, pelo que nos perturba neste acto
político rasteiro, estamos perante débeis condecorações. Paulo Portas, irmão de
M. Portas, foi vice-primeiro ministro de Portugal e não foi condecorado; Cavaco
Silva e Passos foram dois altos servidores do país e não foram condecorados; os
Portugueses que têm sofrido nos bolsos e no estômago a crise que não criaram –
sofrimento que Costa mantém - não foram
condecorados; tantas centenas de portugueses que tudo dão e tudo fazem pelos
outros, onde o Governo falha, não está, não são condecorados.
Há criadores culturais, dirigentes sindicais, voluntários no
alívio à pobreza de tantos, inventores, cientistas, ex-militares Milicianos e
do Quadro que foram heróis, bombeiros de coragem e de entrega à causa pública,
aposentados que foram escravos trabalhadores e que continuam a ser sugados,
etc., e toda esta gente ainda não foi condecorada!
Ora as condecorações,
como se sabe e ninguém as contesta, são todas aquelas que se colocam ou caem em
pessoas que, pelos seus feitos, coragem, invenção e trabalho destacado - em
benefício nacional - as merecem.
Assim sendo, como é possível que a política rasteira e o
corporativismo, com base em ideologias totalitárias e em publicidade (política)
que embebeda o povo, caminhando para o agora chamado populismo, é capaz de
impor ao país tão débeis condecorações, que, neste caso, até não é culpa do
condecorado – já falecido, infelizmente?
E se os familiares de um débil condecorado, chegam à
conclusão de que tal acontecimento é oportunismo ou miserável uso político da
pessoa condecorada, jamais deveria pactuar com (tais) tristes cenas, para e por
honra familiar, por respeito e dignidade da pessoa em causa.
De Gaulle tinha razão
há cinco décadas atrás! Só que estes senhores esquecem que vivemos no século
XXI e que enquanto o povo tiver a liberdade de se abeirar das urnas para
votar, tudo se resolve. A menos que aconteça novo golpe eleitoral – como o
fez António Costa - para ser
primeiro-ministro. Mas debilitado, também, primeiro-ministro.
(Artur Soares – Escritor d’aldeia)
(O autor não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico).
(O presente texto foi publicado no jornal DIÁRIO DO MINHO, de
Braga, em 05 de Maio de 2017)
Comentário:
Quem cognominou esta "União das esquerdas" de "Geringonça", não foi Paulo Portas, foi VASCO PULIDO VALENTE!
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Quem cognominou esta "União das esquerdas" de "Geringonça", não foi Paulo Portas, foi VASCO PULIDO VALENTE!
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