quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

A descolonização portuguesa foi uma tragédia!


A que propósito recordamos Melo Antunes? A propósito do falecimento de Mário Soares. Não diremos muito por respeito ao luto da família e amigos, mas alguma coisa tem de ser dita a contrapor a demência e o ódio que tem inundado a internet. A atitude desprezível do culto de personalidade foi, porém, uma das causas dessa demência e desse ódio visceral. É que onde a comunicação social viu milhares de populares, a realidade mostrou-nos algumas dezenas e em dois locais específicos do cortejo, algumas centenas. Mas esse tipo de análise não interessa por enquanto. O que interessa é o sumo da questão.
Em Janeiro de 1979 o historiador António José Saraiva escreveu um célebre artigo no Diário de Noticias, no qual Melo Antunes é alvo de vários “ataques”.
Melo Antunes por seu lado, ao contrário de outros intervenientes do processo “Descolonização”, reconheceu erros. Disse que uns foram inevitáveis, outros derivados da complexidade do PREC, outros ainda das insuficiências humanas. E assumiu a sua quota parte de responsabilidade, ao contrário de outros. Isto pode ser lido numa entrevista ao Expresso, datada de 17 de Fevereiro de 1999. Nessa mesma entrevista é peremptório: “se houve um evoluir da situação que objetivamente favoreceu o campo comunista, isso verificou-se contra nossa vontade”.
Já em entrevista à RTP a 24 de Abril do mesmo ano afirma que a descolonização não foi a possível como muitos passaram a dizer, foi a que devia ser feita. Acrescenta que foi uma obrigação histórica. O que não o impede de reconhecer que foi uma tragédia
Há que reconhecer nestas afirmações, mesmo que delas discordemos, um Homem de coluna vertebral.
É certo que aquela descolonização “foi uma obrigação histórica “, mas não deveria ter sido “a que devia ser feita”. Mas que foi uma tragédia como diz Melo Antunes, lá isso foi.

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