Por: Costa Pereira Portugal, minha terra
O primeiro grande fogo que deflagrou em Mondim de Basto desde que me
conheço ocorreu à volta de setenta anos (70) e destruiu todo o pinhal da
serrania dos montes farinha, inclusive a Pirâmide Verde. Durou dias, e numa
altura em que escasseava trabalho, os poucos testões que a Floresta dava a quem
durante dia e noite combatesse as chamas, que desceram até às Richeiras , fazia
jeito em casa. Foi nessa altura que ainda rapazito descobri um “incendiário”
meu conterrâneo. Tinha ido levar o almoço a um dos apagadores voluntários que
ali combatia, era o saudoso António Cardoso, de Vilar, e esperei por ele nas
Richeiras de Cima, junto ao inicio do Caminho Novo da Senhora da Graça, onde
estava montado o comando das operações sob direção do saudoso mestre Teixeira. Enquanto
esperava pela chegada e que comesse para regressar com a louça a casa, deu-me
para me afastar um pouco do local ,e
como o fogo ali já tinha sido dominado, progredi na caminhada. Foi então que vi
certa pessoa muito à cautela, lançar uma pinha acesa para o meio do mato. Nunca
revelei a visão desse acontecimento, e só muito mais tarde é que procurei
entender aquele criminoso ato por parte de uma pessoa que sempre me pareceu
normal. Era a luta pela sobrevivência que estava ativa; outros são os motivos e
diversos que hoje atuam na mente dos incendiários, e que destruindo o país
servem as muitas industrias que vivem à custa deste ladrão que queima e mata
sem que ninguém o trave, pois tem políticos e gente poderosa a viver regalados
à custa dele. Não fora assim há muito que os bombeiros e as autoridades
policiais estavam bem apetrechadas e chegada a época de Verão toda a gente no
terreno, inclusive os militares. Poupava-se muito dinheiro ao País, e aos cidadãos prejuízos e desgostos trágicos. E
não venham com as matas por limpar, no concelho de Mondim de Basto, onde ardeu
a zona é Florestal, e no meu tempo no Fojo, estavam cerca de 40 trabalhadores
diariamente aptos para limpar e apagar focos de incendio. Quase certo que desta
vez Cavernelhe não ardia, e poupava-se uma deslocação do Presidente da Câmara e
dos meios televisivos andarem a ver fogos em Mondim. Lembrei-me também de que
com a Lei dos Baldios, que veio entregar as matas aos Conselhos Diretivos, não
sendo contra isso, o facto é que o que estes “dirigentes” querem é dinheiro
para obras, mas a defesa da Floresta, que sejam os Bombeiros a fazê-la……
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