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Festival
Andanças evacuado devido a incêndio
Privatização
da ADSE não agrada a todos
Resolução
do BES: dois anos depois, a incerteza continua
Ministério
da Saúde contra a privatização da ADSE
Ainda
se lembram de Diogo Lacerda Machado, o jurista reputado e «melhor amigo» do
primeiro-ministro que, no início do ano, se soube estar a intervir em
representação do Estado, pro bono e sem qualquer mandato contratual, nas
negociações com os lesados do BES e com o consórcio privado que comprou a TAP?
Pouco tempo depois, perante a pressão da opinião pública que criticava a falta
de transparência da situação, pois em assuntos públicos há formalidades que não
se podem dispensar, António Costa, embora fazendo um ar enfadado, viu-se
obrigado a mandar o seu gabinete fazer um contrato com Lacerda Machado.
A
nomeação do futuro presidente da CGD, António Domingues, é mais um assunto de
Estado tratado no plano da informalidade e com consequências lamentáveis.
Sabe-se
agora que, pela mesma altura do caso Lacerda Machado, o Ministério das Finanças
também andava a tratar de forma informal a questão da recapitalização do banco
público e da nomeação do novo conselho de administração.
Em
vez de desencadear as necessárias diligências formais para isso, o ministro
Mário Centeno assumiu informalmente o compromisso com António Domingues de o
nomear e deu-lhe carta branca para escolher a sua equipa e trabalhar num plano
de futuro para a CGD – informalmente, claro. Enquanto isso, a administração de
José de Matos era deixada a ‘marinar’ em gestão corrente e em março até enviou
um plano ao BCE.
Formalmente,
Domingues só se desvincularia do quadro do BPI a 31 de maio – quando completou
o tempo necessário para se reformar, segundo veio a público e nunca foi
desmentido. O que colocou logo o Governo numa situação insólita: ficou refém
dos interesses particulares de um gestor, quando o mandato que tem do
eleitorado é de pôr o interesse público
acima de tudo. E, segundo todos asseguram, a situação da Caixa urge.
Apesar
de só se ter desvinculado do BPI no final de maio, Domingues, entretanto, já
estava a trabalhar e a receber pessoas em nome da CGD. E, como o SOL noticiou
há duas semanas, até contratou a consultora McKinsey para o ajudar a desenhar o
plano de recapitalização da Caixa. Informalmente, claro, pois não fora ainda
nomeado. Como é que a consultora aceitou e será paga? Não se sabe (aliás, ao
que consta, essa mesma consultora tinha sido dispensada pela atual
administração da Caixa…). E como é que o BPI aceita que um seu ainda gestor
trabalhe para a concorrência? «Muito bem», disse esta semana o seu presidente,
Fernando Ulrich – que lá terá as suas razões. O facto é que estão abertas as
portas a todo o tipo de especulações.
Ora,
o plano de António Domingues foi entretanto formalmente submetido ao BCE pelo
Ministério das Finanças. Mas, segundo noticiou agora o Expresso, Frankfurt
enviou uma duríssima resposta, a 30 de junho, que nos devia fazer corar de
vergonha. Nomeadamente, disse que a injeção de 5,1 mil milhões é exagerada e
que o plano de reestruturação e recapitalização feito pela McKinsey não passa
de um power point com informação pública (pois, pudera…), sendo precisos mais
dados internos da Caixa.
Em
conclusão, o BCE disse que o plano gizado pelo «informally nominated candidate
for CEO, António Domingues» («candidato informalmente nomeado para presidente
executivo») é «irrealista» e «não credível».
Isto
além de, como o SOL também noticiou, questionar a falta de currículo na banca e
o potencial conflito de interesses que suscitavam alguns dos nomes da equipa
escolhida por Domingues e que foram avançados aos jornais. Confrontado pelo
Expresso com essa apreciação do BCE, António Domingues respondeu que desconhece
o documento… Um mero jogo de palavras de quem é, já lá vão quase seis meses, o
presidente informal da Caixa.
António
Domingues terá grandes qualidades e experiência como gestor, mas aceitou
sujeitar-se a este papel e colocar-se nesta situação. Por isso, quando
finalmente tomar posse, já entrará na CGD diminuído por este rol inacreditável
de informalidades. Perante tudo o que já se passou, fica desde já a dúvida,
pelo menos, se será mesmo capaz de dizer não ao poder que estiver no momento no
Governo. Entretanto, valha-nos o BCE.
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