BARROSO da FONTE |
Não precisamos de mencionar exemplos
além-fronteiras, nem citar o golpismo da Turquia, os arrependimentos da
Inglaterra, os extremismos da Grécia ou as confusões da vizinha Espanha. A
política não olha a meios. Todos esses meios são válidos para atingir os seus
fins, porque é «sistematicamente confundida com as ações dos políticos profissionais, em especial pelos
maus políticos. A política é um mal necessário para a vida humana, quer do
indivíduo quer da sociedade».
É hoje um tema recorrente quer nas conversas
de café, quer dos parlamentos, quer dos órgãos de informação. Os tribunais
estão atulhados de processos da mais diversificada natureza, envolvendo
cidadãos de todas as atividades sócio-profissionais. Reporto-me a um «caso» que
remonta a 2008 e que, devendo estar concluído em fins de 2012, ainda está
pendente e já cheira mal por todos os lados. O JN de 18 de julho, em curso,
explica-o, na p. 27, pelo jornalista Delfim Machado:
«Guimarães. Bens da Capital da Cultural
estão inativos. Só o carro da presidência custou: 38 mil euros. Património de
milhares a desvalorizar. O património da Fundação Cidade de Guimarães, entidade
que organizou a Capital Europeia da Cultura, em 2012, está inativo desde que foi
aprovada a liquidação. A Fundação aguarda o fim das decisões judiciais em
curso». Lê-se que na lista desse património está um carro Volvo, modelo S40,
comprado para a presidência. Custou 38 mil em 2008, ano em que começou a ser
preparado o evento. O veiculo encontra-se estacionado no parque do Centro
Cultural Vila Flor, sem seguro e sem inspeções, em dia, pois não é utilizado
desde 2013.
Segundo
o vereador da cultura, José Bastos, responsável do Centro Vila Flor e do
Pelouro, «todo o leque de bens que compõe o património da Fundação Cidade de
Guimarães que coordenou e geriu aquele programa inativo. Desde 2013 está tudo
parado, aguardando-se apenas pelo desenrolar da justiça para se dar um fim a
todos os bens»
A mesma notícia do JN acrescenta que «está na
mesma situação, uma ação judicial interposta pela primeira presidente daquela
Fundação, nomeada pelo então Presidente da Câmara, António Magalhães. Cristina
Azevedo foi, surpreendentemente, demitida pelo nomeador que, ao tempo, já não
detinha, sozinho, tais competências. Esse ato de vingança isolado, fez com que
uma segunda técnica nomeada, fosse demitida. Ambas recorreram para tribunal. Em
conjunto reclamavam um milhão e duzentos mil euros. Jorge Sampaio liderava o
Conselho Consultivo cobrando 800 euros por cada reunião que, a exemplo de
outros conselheiros (: Freitas do Amaral, Adriano Moreira e Eduardo Lourenço),
recebiam idêntica verba pela sua influência política, «absolveu» a
responsabilidade do camarada António Magalhães. Certo é que em princípios de
2013 os «coveiros» da capital europeia da cultura», vieram à cidade Berço,
celebrar, num jantar com cerca de 30 individualidades, o sucesso desse programa
europeu.
Cabe referir que esta «Capital Europeia da
Cultura», veio para Guimarães, como contrapartida de concessões políticas
centrais que foram concedias a Braga.
Para «calar» Guimarães, a ministra da cultura Isabel Pires de Lima anunciou
essa «oferta a Guimarães». No jornal «Público» de 27 de Outubro de 2006,
afirmou na A. da Republica: «experiência que ser fizera em Coimbra, em 2003 e
se repetira, em Faro em 2005, não iria acontecer mais em Portugal». Com o
título «O anúncio: capitais nacionais da Cultura», acabam. Essa decisão foi
anunciada pela então ministra na véspera do «anúncio», no Parlamento, onde foi
falar do orçamento do seu ministério para 2007. Aí disse:«as CNC funcionaram
apenas como um programa de animação cultural, mas não influenciaram o consumo
cultural em termos de formação e alargamento de públicos; e demonstraram que,
com este modelo, as cidades não se renovam com a cultura. Por isso o Governo
abandonará definitivamente este modelo de CNC. Há um distanciamento da
população residente e do público em geral».
Esta
«cambalhota política» constituiu uma das maiores trapalhadas nacionais com
essa «condenada iniciativa» da Isabel
Pires de Lima. Volvidos oito anos, como bem refere a notícia do JN de 18 do
corrente, esbanjaram-se 111 milhões de euros em megalomanias, dispersas pela
cidade. Semearam-se elefantes brancos com compras de prédios que estavam
condenados ao encerramento e, apenas para pagar favores. Exemplos: «a casa da
memória», o edifício da Rua da Rainha, onde nasceu Alberto Sampaio; instalações
do antigo Teatro Jordão; Edifício de Pimenta Machado, no Largo Toural... Tudo
às moscas. Tudo a pedir rigorosa inspeção aos negócios, tudo para satisfazer
clientelas e favores de natureza vária.
Paradoxalmente o último Presidente da
República, Cavaco Silva, condecorou em 10 de Junho de 2014, na Guarda, com o
grau de Comendador de Mérito, o então Presidente da Câmara, António Magalhães,
que foi, nessa qualidade, um dos maiores coniventes com a derrapagem desse
vultuoso investimento comunitário. Alguns dos seus mais próximos colaboradores
- diziam à boca cheia - que ele era
impune à justiça. Dentro e fora da imprensa, sempre me disponibilizei para dar
o meu testemunho de cidadão Vimaranense na plenitude dos meus direitos e
deveres. Não gostaria de morrer sem assistir ao julgamento, isento e
livre, de quantos se serviram - mais do que serviram - nesta complexa e polémica edição da Capital
Europeia da Cultura que encerrou em fins de 2012, mas que ainda tem muitos e
graves rabos de palha. Mesmo assim, o seu maior responsável, terminou o seu
mandato municipal, por limite de mandatos; e foi eleito Presidente da
Assembleia Municipal. Nova façanha, sempre impunemente: «ordenou a construção
do mais sumptuoso Gabinete presidencial». Tinha servido para todos os seus
antecessores. Mas não servia para ele.
Sabe-se que gastou nessa obra milhares de euros que vieram, não se sabe de onde. Ele sabe que o
Ministério Público e a Polícia Judiciária não têm mãos a medir por causada raia
miúda. Sempre o mexilhão a servir de
pretexto à corrupção. Barroso
da Fonte
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