JORGE LAGE |
O Notícias de Chaves publicou uma nota fúnebre sobre o Irmão
Rafael Fraga, em 19OUT2007.
A freguesia da Agrela - Chaves
vai descerrar um busto dia 31 de Julho (2016) pelas 10H00.
O Notícias de Chaves bem podia ser distinguido pela Congregação
dos Irmãos Maristas pelo muito que tem feito pela divulgação da sua obra
evangelizadora e social, sendo o último eco o mais recente livro do ilustre
transmontano, Irmão Teófilo, em alta missão em Roma.
Dentro desta linha, queremos aqui dar voz à memória de uma pessoa que
nos marcou, desde a meninice, para o resto da vida e que revemos ou relembramos
sempre com saudade. Assim, o António Joaquim Fraga, que foi meu Professor e
Director, na década de sessenta, no antigo Colégio Marista de Leiria (Pousos),
guardo as melhores recordações como mestre e conselheiro.
Em 1992, recebemos uma carta, quando era Director do Colégio Marista de
Carcavelos, em que nos confessava: “Os jovens, hoje em dia, desgastam-nos muito
mais que antigamente”. E sobre a relação do Homem de hoje com Deus, dizia-me:
“Ele vê-se tanta indiferença… parece que muita gente meteu Deus na gaveta”.
Como bom flaviense, lia com regularidade o Notícias de Chaves e em
1993, dizia-me: Agradeço a tua boa vontade e o conselho dado nos teus artigos: Notícias
de Chaves…
Na ficha que tivémos a honra de lavrar para o ‘Dicionário dos Mais
Ilustres Transmontanos’ refere: “António Joaquim Fraga era natural da Agrela -
Couto de Ervededo, onde nasceu em 5 de Março de 1917 (…).
Faz a instrução primária na aldeia natal, prosseguindo os estudos no
seminário Marista de Tui – Espanha. Já como membro da Congregação Marista,
continua a sua formação académica e religiosa em Gruliasco, nos arredores de
Turim – Itália, rumando, em 1937 para o Recife e Porto Alegre – Brasil, onde se
licenciou em Letras Clássicas.
Foi director do Colégio de Santo António em Natal – Brasil, vindo para
Lisboa em 1947, tornando-se uma das pedras fundamentais da implantação dos
Irmãos Maristas em Portugal. Com a sua descrição, humildade, cortesia e
diplomacia sente-se a sua mão no Externato Marista da Estrela – Lisboa, como
Director do Colégio Champagnat de Vila Formosa de 1950 (...) 1977, no Externato
Marista de Lisboa (Rua da Artilharia um) e no Colégio Marista de Carcavelos de
1981 a 1986. (...) na Congregação adoptou o nome, Rafael Fraga, é um autêntico
cavalheiro, homem de grande sensibilidade e de psicologia profunda capaz de
lidar, com sucesso, com pessoas de todas as idades. Foi para nós uma grande honra
tê-lo como mestre.”
Sobre o Irmão Rafael, dizia-me o José Silva (Director das Caixas de
Crédito do concelho de Valpaços e natural da Agrela), que também foi seu aluno
no Colégio Marista de Leiria, “era muito bem formado. Um ser superior, com uma
serenidade e sorriso que encantava. Foi graças a ele que muitas dezenas de
jovens da Agrela, do Couto, de Calvão, (…) foram estudar”.
Francisco Oliveira (ex-marista), Tenente-Coronel Médico, da Força
Aérea, refere-se ao Joaquim Fraga: “Foi um homem a quem estou grato por me ter
ensinado a ser e a crescer e me ter transmitido uma amizade intemporal.”
O actual Presidente da Associação da Família Marista, José Serafim,
recorda-o como “Referência na Congregação Marista, extremamente afável, amigo,
companheiro e uma pessoa de fino trato, e professor de mérito”.
O Irmão Teófilo Mingas, actual Secretário da Congregação Marista,
retiramos-lhe este excerto de um texto para um seu próximo livro a publicar:
“Irmão Rafael, ainda queria que me revisse uns livros, mas sei que anda muito
doente das pernas. Estão muito inchadas e já tem dificuldades de movimentar-se.
Não lhe vou mandar por isso estes livros”. Ao que ele (Rafael) respondeu: “Ó
homem de Deus, mande lá os livros. Os livros corrigem-se com os olhos e não com
as pernas. E, graças a Deus, os olhos estão ainda muito bons”.
Era assim, sempre pronto a ajudar fosse quem fosse, um Homem superior,
sábio e culto, e tinha no seu sorriso a profundidade e serenidade do seu saber
doutoral e de muita compreensão.
Aquando do Cinquentenário da implantação dos Irmãos Maristas em
Portugal a vereação camarária flaviense não teve a sensibilidade,
reconhecimento e gratidão de incluir na toponímia municipal uma artéria com o
nome dos Irmãos Maristas. Espero que a actual o faça porque se for preciso,
entre presentes e ausentes podemos juntar um batalhão de antigos maristas de
Chaves, desde simples funcionários a quadros superiores. Os Irmãos Maristas
ainda têm uma Casa em Soutelo, que se está a tentar reactivar, para servir.
O Irmão Fraga viveu os últimos anos da sua vida no Instituto
Missionário de Vouzela, falecendo a 29 de Janeiro último, pelas 12H51. A
Congregação dos Irmãos Maristas, perdeu a sua grande referência, que tanto bem
fez, nas décadas de sessenta e setenta, a muitos jovens de famílias humildes e
remediadas.
Um até sempre de todos os flavienses e transmontanos (como nós, seus
alunos) que o elegemos como um grande exemplo, que dedicou toda uma vida a
servir os outros e a Deus!
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