sexta-feira, 29 de julho de 2016

A grande factura


Eduardo Dâmaso – Revista Sábado 

Pior do que uma má governação é a que mistura incompetência com delinquência. A Europa tem tido os seus exemplos, de Berlusconi e Sarkozy a Sócrates.
As consequências dos dois tipos de governação são óbvias: dívidas públicas gigantescas e uma elite política e empresarial que fez fortuna a roubar e a esconder por tudo quanto é paraíso fiscal.
Por cá, o mais recente exemplo da mistura explosiva entre má governação e delinquência está na condenação do Estado (todos e cada um de nós) a pagar 150 milhões ao consórcio do TGV pelo cancelamento – em boa hora Passos Coelho o assumiu – do troço Poceirão-Caia.
Já com o País a arder em 2010, Sócrates entregou aos seus amigos da Soares da Costa, Brisa, e Lena, devidamente acolitados pelos seus outros amigos que mandavam na CGD e no BCP (Vara e Santos Ferreira), a obra que o País inteiro já sabia que nunca aconteceria. Roma ardia e o Nero de serviço regava o fogo com gasolina. Repetiu no TGV o padrão da Parque Escolar e das parcerias rodoviárias que agora andamos todos a pagar. Os contratos celebrados à época foram-no já ao abrigo do código da contratação pública, essa outra besta negra de vampirização dos recursos do Estado que só em 2014 viria a ser mais ou menos domesticada. Em qualquer contrato de empreitada, o Estado, por omissão ou erro que era tudo o que fizesse ou não fizesse, perdia sempre muitos milhões. A factura é pesada e não pára de crescer. Um dia destes, será ainda ela a empurrar-nos de novo para o fundo, por muito que grite a legião de acólitos e dependentes desse velho sistema de "amiguetes", como bem dizem os espanhóis.

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