Pior do que uma má governação é a que mistura incompetência com
delinquência. A Europa tem tido os seus exemplos, de Berlusconi e Sarkozy a
Sócrates.
As consequências dos dois tipos de governação são óbvias: dívidas
públicas gigantescas e uma elite política e empresarial que fez fortuna a
roubar e a esconder por tudo quanto é paraíso fiscal.
Por cá, o mais recente exemplo da mistura explosiva entre má governação
e delinquência está na condenação do Estado (todos e cada um de nós) a pagar
150 milhões ao consórcio do TGV pelo cancelamento – em boa hora Passos Coelho o
assumiu – do troço Poceirão-Caia.
Já com o País a arder em 2010, Sócrates entregou aos seus amigos da
Soares da Costa, Brisa, e Lena, devidamente acolitados pelos seus outros amigos
que mandavam na CGD e no BCP (Vara e Santos Ferreira), a obra que o País
inteiro já sabia que nunca aconteceria. Roma ardia e o Nero de serviço regava o
fogo com gasolina. Repetiu no TGV o padrão da Parque Escolar e das parcerias
rodoviárias que agora andamos todos a pagar. Os contratos celebrados à época
foram-no já ao abrigo do código da contratação pública, essa outra besta negra
de vampirização dos recursos do Estado que só em 2014 viria a ser mais ou menos
domesticada. Em qualquer contrato de empreitada, o Estado, por omissão ou erro
que era tudo o que fizesse ou não fizesse, perdia sempre muitos milhões. A
factura é pesada e não pára de crescer. Um dia destes, será ainda ela a
empurrar-nos de novo para o fundo, por muito que grite a legião de acólitos e
dependentes desse velho sistema de "amiguetes", como bem dizem os
espanhóis.
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