segunda-feira, 6 de junho de 2016

Lobos com pele de cordeiros

Corrigindo os erros de Gramática e ensaiando a tabuada!
   
 José António Saraiva | jornal Sol

Como dizia Jerónimo de Sousa, se o PCP tivesse umas candidatas “mais engraçadinhas” teria tido mais votos.
Depois pediu desculpa por este aparte, mas não sei porquê.
Estava cheio de razão.
De facto, o que pode explicar o salto enorme dado pelo Bloco de Esquerda nas eleições de 2015, em que o número de deputados cresceu quase 140%?
Estando praticamente morto em consequência das divisões internas que levaram à saída de Rui Tavares, Ana Drago, Daniel Oliveira, Joana Amaral Dias, etc., o BE ressuscitou, ultrapassou o PCP e atingiu os 10,2% de votos.
Porquê?
Por ter mudado de ideias?
Não.
Por causa das tais candidatas ‘engraçadinhas’ que pôs na linha da frente.
E atenção: isso não foi obra do acaso.
Catarina Martins já esclareceu que se tratou de uma decisão pensada e consciente - a qual, aliás, se estendeu às autarquias.
Este expediente político constituiu, porém, um enorme embuste.
Durante o tempo em que Daniel Oliveira, Luís Fazenda, Rui Tavares ou mesmo João Semedo falavam em nome do BE, havia uma coerência entre a imagem e o conteúdo das propostas: todos pareciam saídos da revolução bolchevique e portanto não enganavam ninguém.
Com Catarina Martins, Mariana Mortágua e Marisa Matias deixou de ser assim.
Catarina moderou a agressividade, Mortágua fala com doçura, Marisa parece sussurrar as palavras.
As pessoas foram levadas a pensar que este BE era outro, que deixara de ser radical e abandonara o extremismo do passado.
Mas o BE continuou a ser exatamente o mesmo.
A proposta de se poder mudar de sexo aos 16 anos, sem parecer médico e mesmo contra a vontade dos pais, mostra a sua verdadeira face.
Aos 16 anos não se pode conduzir um carro e pode tomar-se uma decisão tão extrema como mudar de sexo? Sem parecer médico? Sem acordo dos pais?
A mudança de sexo é um ato brutal, violentíssimo, com consequências psicológicas devastadoras.
E que frequentemente se revela uma ilusão: pessoas que não se sentem bem na sua pele, e atribuem isso a um ‘erro da natureza’, verificam depois de mudar de sexo que os problemas continuam e até se agravam.
Assim, uma decisão dessas nunca poderá ser tomada na adolescência - ou seja, numa época da vida cheia de dúvidas e perplexidades, em que o indivíduo está ainda à procura de um caminho e de uma identidade.
Um partido que propõe uma medida destas está preparado para propor muitas outras aberrações.
Os comunistas achavam, por exemplo, que os filhos deveriam ser retirados aos pais e entregues ao Estado, pois os pais não tinham capacidade para os educar nos ‘sãos princípios’ da nova sociedade sem classes.
Para construírem o ‘homem novo’, os comunistas precisavam de reduzir a escombros a família, as tradições, os costumes, a religião, etc., pois só depois disso poderiam começar a erigir algo de diferente.
O BE partilha da mesma ideia.
A legalização do aborto, a liberalização das drogas, a autorização da eutanásia, a banalização da mudança de sexo, etc., visam cortar todas as amarras, todas as regras, todos os preconceitos, todas as crenças, todos os valores da sociedade tradicional, rompendo com o passado.
E o ataque à economia de mercado e à religião, sobretudo à Igreja Católica, na linha do comunismo tradicional, completam o puzzle.
Por trás dos rostos angelicais de Catarina Martins, Mariana Mortágua e Marisa Matias, esconde-se um modelo de sociedade abominável.
O BE promete aos indivíduos que serão mais livres, porque poderão fazer tudo o que quiserem: desde abortar a mudar de sexo antes da idade adulta.
Só que, por outro lado, o BE defende uma sociedade concentracionária, onde o indivíduo perde toda a liberdade e o único poder é o Estado.
O BE quer uma banca nacionalizada, quer uma escola exclusivamente pública, quer uma rede de saúde também unicamente pública, quer que o Estado seja o principal investidor.
É certo que o BE não diz que quer abolir a economia privada, mas também não precisa: quando os privados se sentirem indesejados, desaparecem.
O poder público será o único a sobreviver.
O BE vende a ideia de que quer cidadãos mais livres, Catarina Martins e Mariana Mortágua vestem-se de cordeiros, mas é tudo um disfarce, uma mentira.
O modelo do Bloco resume-se a uma frase: tudo no Estado, nada fora do Estado; ora esta fórmula já produziu noutras épocas e noutras paragens milhões de vítimas.
Sob uma aparência nova, o BE tem uma agenda velha de 100 anos.
O Estado é dono de tudo, o partido domina o Estado e a nomenklatura domina o partido.
É isto o que as caras ‘engraçadinhas’ têm para oferecer, além da eutanásia e da mudança de sexo.
E é de mãos dadas com esta gente que o PS governa o país.

P.S. - Os concursos públicos foram criados para acabar com o escândalo das nomeações partidárias. E os mandatos dos gestores públicos foram implementados para os tornar independentes dos ciclos políticos. Ora, sem explicações, este Governo começou a fazer tábua rasa de uma coisa e outra. Demitiu o presidente do CCB, António Lamas, demitiu o presidente da Compete, Vinhas da Silva, demitiu o diretor-geral das Artes, Moura Carvalho, demitiu a direção da Segurança Social, presidida por Clara Birrento, e nas últimas horas houve novas demissões a meio dos mandatos e mais nomeações sem concurso público. Como é isto possível? Os concursos e os mandatos foram criados para quê?  O Governo socialista mostra assim o seu amor à democracia.

Sem comentários:

Enviar um comentário

V Congresso Transmontano.

Atenção Transmontanos! Aproxima-se a data do V Congresso Transmontano.