sábado, 28 de maio de 2016

Se és sério não leias esta «geringonça»


BARROSO da FONTE
Escrevo este aviso na noite de «Sexta-Feira às 9», dia 20 de Maio. Quando me preparava para falar do Ministro da Educação e da guerrilha que gerou entre ensino público e privado, acabo por dar prioridade ao escândalo que a Jornalista Sandra Felgueiras confirma e aprofunda na RTP1 no programa Sexta-feira às 9.
  Esta jornalista e a sua equipa vêm reforçando o tipo de jornalismo que eu aprecio e procuro seguir, desde 1953. Deve ter ela, como referências: Felícia Cabrita, Ana Leal e poucas mais. Mas estas três e outras (ou outros) que queiram ser jornalistas de referência, devem – como elas - denunciar, inquirir, incomodar, especialmente, muitos bem instalados que deveriam estar atrás das grades, como estiveram Sócrates, Oliveira Costa, Armando Vara, Godinho, e Vale e Azevedo, para citar apenas alguns exemplos mais mediáticos.
 Há oito dias trouxera Sandra Felgueiras, ao mais temido programa da RTP1 a «bandalheira» que se passa com a administração do «Cofre de Previdência dos funcionários públicos». Uma cidadã que foi entrevistada no telejornal dessa noite, a propósito dessa lástima moral e social, disse que «deveriam estar todos presos».Eu diria o mesmo, embora desconfie que para alojar, manter e vigiar toda essa cambada, não chegariam todas as celas, quartéis militares, estádios de futebol, sanitários, latrinas e cavalariças, de norte a sul do país.
 Dia 20, voltou a RTP1 a avolumar a corrupção não só dos órgãos diretivos desse «Cofre de Previdência dos Funcionários públicos», como de outro exemplo que mereceu um périplo pelo país, das colaboradoras de Sandra Felgueiras, numa reportagem que vai fazer doutrina nas aulas de comunicação social de qualquer universidade séria.
Quer a generalizada desonestidade que envolve os principais dirigentes desse «Cofre de Previdência», quer alguns dos esquemas que vários políticos utilizaram para multiplicarem colégios, cooperativas, escolas privadas, um pouco por todo o país. Estes casos lembram o polvo que, com seus tentáculos, envolve, afeta e generaliza a imoralidade que galopa, entre nós, em todas as classes e áreas da sociedade Portuguesa. Deveriam ser tratados como paradigmáticos da onda de contaminação que nos afeta, nos amedronta e nos desalenta em relação às futuras gerações.
Ficou a saber-se pelas reportagens que este tipo de práticas e nomes de líderes, pelo bom trabalho que a Polícia Judiciária tem vindo a realizar, que já não há classes intocáveis, nem líderes impuros.
Os dirigentes do «Cofre de Previdência», assim como os proprietários de alguns colégios  foram altos quadros e conhecidos políticos que tiveram procedimentos reprováveis, valendo-se de influências estranhas e de métodos antidemocráticos que devem ser tratados como puníveis. Se não há leis ajustadas, urge legislar em consonância com a modernidade que nos  é revelada pelos acontecimentos de cada dia.
   Estas duas reportagens que a RTP1 exibiu devem servir de ponto de partida para  a revisão da lei da criminalidade. Não bastará destituir os órgãos sociais no caso «do Cofre de Previdência dos Funcionários do Estado» ou deixar na sombra os políticos que exerceram cargos para prepararem o terreno que agora exploram e multiplicam, entre amigos e correligionários.
 Importará distinguir o trigo do joio, porque há colégios e colégios. Aqueles que tiverem exercícios limpos, transparentes e de utilidade pública garantida, devem prosseguir a sua atividade. Aqueloutros que nasceram e se multiplicaram à pressa, a partir de situações de favor, não só devem fechar, como devem os seus responsáveis, sujeitar-se às sanções que o bom senso recomenda.
Não pode pagar o justo pelo pecador. De repente, muitos milhares de alunos, de todos os graus do ensino, interromperam as aulas e vieram para as ruas, com cartazes e gritos de protesto. Num quase fim de ano letivo, há prejuízos de todo o género para as crianças. Há transtornos materiais, psicológicos e profissionais para docentes e discentes. Ninguém estaria à espera deste tipo de distúrbios.
Mesmo que António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa, tenham encetado um período de cio político muito intenso, enigmático e de imprevisíveis consequências para o futuro da sociedade Portuguesa, não devemos, nem podemos fazer de conta que vivemos num mar de rosas.
  A destruir a esquerda tudo o que a direita fez de diferente, trabalhar menos e pagar mais, comendo à noite o que se ganhou durante o dia, ou comprar fiado a contar com o euro-milhões, são receitas contaminadas. Com o ensino não deve brincar-se e muito menos com as crianças que são as primeiras e as maiores vítimas. As palavras «publico» e «privado», têm o mesmo numero de letras, de sílabas, de vogais e de consoantes. São antagónicas no significado. Mas ambas são democráticas, legítimas e próprias de uma sociedade plural. Atribuir-lhes adversidade é próprio de quem nasceu com maus fígados e não tem capacidade para manter-se ao nível do vizinho. Mais lembram cães famintos quando disputam um osso, mesmo que difícil de roer.

                                                      Barroso da Fonte

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