quarta-feira, 25 de maio de 2016

“Olhos nos olhos”

 
Há uma mão cheia de jornalistas que vale a pena ler ou escutar. A imprensa escrita ou televisiva possui, apesar de tudo, um conjunto de profissionais que se destacam pela sua excelência. Seja no sector masculino, seja no feminino.
Não faremos referência aos da imprensa escrita, pois, de quando em vez, publicamos os seus artigos neste espaço.
Hoje, vamos apenas referir-nos à televisão e concretamente ao sector masculino (o sector feminino ficará para futura ocasião, quando a dona Catarina estiver com a voz normal).
É com profundo respeito que escutamos sempre José Rodrigues dos Santos e José Augusto Carvalho (bem como os seus colegas que o substituem no programa “Olhos nos olhos”). Aquele pela sua independência (que lhe é proporcionada, em parte, por ser um homem rico com a venda dos seus livros), estando-se nas tintas para o status quo socialista (ou outro qualquer) e este por ser conciso, verdadeiro, profundamente admirável na condução do interlocutor (características também de José Rodrigues dos Santos) e, até, com muita independência.
Concluído o introito, passemos ao que nos levou a este escrito – dois programas televisivos. A um deles apenas faremos referência breve – o que é comandado por José Gomes Ferreira. O outro, dirigido por José Augusto Carvalho, com a participação do dr. Medina Carreira.
São os dois programas de comentário que vale a pena ver e ouvir (para não sermos injustos, poderemos selecionar ainda mais três, mas não serão referidos), o resto é miséria portuguesa: a mediocridade do costume. Tipos (e tipas) que não sabem a tabuada nem gostam de gramática.
No último programa de Medina Carreira, mostrava-se ao publico, em gráfico (com os dados muito parecidos com os que abaixo se apresentam), a situação actual do país, bem como os desenvolvimentos do anterior governo de “direita” (como gostam de dizer as manas, as donas e o camarada Costa).

O que se conclui das abordagens desse programa? Que o problema do país está, como aqueles que sabem a tabuada já sabiam, na despesa ( Tempo Caminhado: Os pulhas). Que até 2002 a coisa esteve controlada, a partir desse ano, com os velhos costumes portugueses de se gastar o que se não tem, e pedir emprestado o que se não pode pagar (provocados em parte pelo euro que permitiu, como moeda forte, o crédito a rodos), o país acelerou a velocidade astronómica para o desastre entre 2005/2011.  Medina Carreira referiu ainda a corrupção do Estado através das PPP e assim por diante.
Quais foram as consequências para o país? As que todos conhecemos. E principalmente aqueles a quem verdadeiramente lhes foram aos bolsos para agraciar os amigos, mesmo antes da BANCARROTA de 2011. A principal consequência foi a Pátria ter perdido o crédito internacional, passando o país a ser conhecido por caluteiro. Aliás, a mesma situação que passou no século XIX e princípios do século XX com a implantação da República e a ascensão do regime do Doutor Salazar.
O governo de Passos e Portas não reduziu quase nada a despesa corrente; a redução do défice foi a possível (a divida tem a sua dinâmica própria). A urgência de resolver o problema económico, deixou para trás questões fundamentais para o longo prazo. Não se corrigiram as leis patifes do tempo de quem nos levou à bancarrota, e a corrupção no Estado continua a prosperar. Principalmente com esta gente que lá está.
Mas o governo de Passos e Portas teve um grande mérito. Tornou a abrir as portas dos mercados (já ninguém se lembra da reacção de Silva Pereira e da tralha socrática, no primeiro leilão de divida publica com sucesso?). De algum modo, com a sua serenidade trouxe alguma ordem ao país e alguma esperança (que o camarada Costa e a camarada Catarina cortaram).
Porque razão esse governo da “direita” não fez mais do que isso? Em primeiro lugar convém dizer o seguinte (quem sabe a tabuada e alguma coisa de gramática sabe), conforme estava o país em 2011, Passos e Portas, apesar de tudo, fizeram um trabalho gigante. Que a História irá reconhecer. É bom que as pessoas se lembrem que o país era visto internacionalmente como caluteiro e, de seguida, quando Passos e Portas pegaram na governação, o país já não tinha dinheiro para pagar os vencimentos dos funcionários. Isto é pouco? Claro que é para quem não sabe a tabuada!
Em segundo lugar convém lembrar que o programa que a troyka impôs a esse governo para resolver a bancarrota criada pelo Partido Socialista (onde o camarada Costa foi ministro), era de três anos. Quando o que se exigiria seria um programa de seis! Portas e Passos não podiam pensar muito e foi, sobretudo, na condição económica que se concentraram.
O que as Catarinas, Marianas, Joanas, Costas … ajudados por uma imprensa medíocre dizem, só pode ser ouvido pelos tolos. Quem sabe a tabuada e gramática, o que eles dizem, entra-lhes por um ouvido e sai-lhes pelo outro.
Quando o Doutor Salazar ascendeu ao poder, numa situação económica idêntica à de Passos e Portas (provocada pelos antepassados dos que provocaram a de 2011), o povo português sofreu uma austeridade nunca vista (mas nunca referida). A de Passos e Portas foi um doce comparada com aquela. E só passados 23 anos o país começou a prosperar! Queriam que passados quatro anos (depois do que a tralha fez ao país) se atingissem os resultados que levarão 23 ?! Só de broncos …    Armando Palavras

Sem comentários:

Enviar um comentário

Revista Tellus nº 80

Acaba de sair a público o nº 80 da revista Tellus (Vila Real), revista de cultura transmontana e duriense.