“Uma bondade perfeita” é o novo romance do
escritor transmontano Ernesto Rodrigues.
Editado pela G~radiva, vai ser apresentado
pelo autor na livraria Ferin (Rua Nova do Almada, 70-74, Lisboa), no próximo
dia 31 de Março de 2016 (Quinta-feira), pelas 18H 30m.
Seguir-se-á uma sessão de autógrafos.
A entrada é livre.
Uma obra que junta uma grande qualidade
narrativa e um enredo brilhante.
No dia em que foi mãe, 1 de Março de 1990,
Ágata jura dar a vida pela filha, Indira. Tem 18 anos. Quatro anos antes, no
Verão, voluntariou-se para um infantário, no estrangeiro. Irma, a irmã,
recomendou-a a uma senhora do bairro, Alcina, que dirigia uma organização
não-governamental num país longínquo. Foi encontrar o filho da benfeitora, que
nascera em 1984: Clemente tinha dois anos. Durante uma semana, não o arrancou
do mutismo. Dividida entre dezenas de meninos, que a guerra fechara nos
arrabaldes da capital, não houve tempo, quando invadiram o recreio. Não viu
quem o raptava; encontrou-se sob um mascarado, que a violou.
Menigno, o bruto, forçou-a repetidamente;
nos intervalos, alimentavam-na bem, perguntando-lhe, em língua retorcida, se
sabia o paradeiro de Alcina, a mãe do menino. Ela acariciava uma medalha pobre
no seio. Engravidou, mas não viu a filha que nascia: Indira.
Clemente, agora um carrasco de 26 anos,
tem por tarefa executar a mãe, Alcina. Recorre a Filodemo, um frade cujo
passado de jornalista ilumina existência crua e vingativa de Menigno, ex-marido
e director da prisão.
Num universo turvo, desequilibrado, com
sujeitos em perda de identidade, o sexto romance de Ernesto Rodrigues magnifica
«uma bondade perfeita, absoluta, tal que nenhuma violência ou imposição nos
possa forçar a ser maus».
Este é um livro que conduz o leitor por
uma intrincada teia de encontros e desencontros, sendo atravessado por uma
escrita cuidada, que garante prazer de leitura. Pouco deve ser tido como
garantido na narrativa, pois ali se semeia surpresa, se tece intriga, se avança
com a certeza de que as personagens vão crescendo ao longo das páginas,
ganhando espessura e interesse.
ERNESTO RODRIGUES (1956), escritor,
ensaísta e tradutor, é professor na Faculdade de Letras de Lisboa. Estreou-se
na poesia em 1973, na ficção em 1980, destacando-se os romances A Serpente de Bronze
(1989), Torre de Dona Chama (1994), O Romance do Gramático (2011) e A Casa de
Bragança (2013). Na edição, relevemos As Farpas Completas (2006-2007), de
Ramalho Ortigão, e a edição crítica de Fastigínia (1605; 2011), de Tomé
Pinheiro da Veiga. Outros títulos: Mágico Folhetim. Literatura e Jornalismo em
Portugal (1998), Cultura Literária Oitocentista (1999), Visão dos Tempos. Os
Óculos na Cultura Portuguesa (2000), Verso e Prosa de Novecentos (2000),
Crónica Jornalística. Século XIX (2004), Padre António Vieira, Sermões, Cartas,
Obras Várias (2008), A Corte Luso-Brasileira no Jornalismo Português
(1807-1821) (2008), «O Século» de Lopes de Mendonça: O Primeiro Jornal
Socialista (2008), Camilo Castelo Branco, Poesia (2008), 5 de Outubro - Uma
Reconstituição (2010). Tradutor de literatura húngara em Portugal, desde 1983,
verteu cinco títulos do Prémio Nobel (2002) Imre Kertész e quatro de Sándor
Márai, além de Kosztolányi e Magda Szabó, entre outros.
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