Pedro Passos Coelho e
Paulo Portas cumpriram, não falharam os objectivos para que foram eleitos em
2011, sufragados nas urnas por voto popular, a essência da democracia – salvar o
país da bancarrota.
Rui Ramos em artigo no Observador, respiga: “Em primeiro lugar,
Passos executou o Programa de Ajustamento negociado pelo PS em 2011. Reparou a
credibilidade do país, e habilitou Portugal para beneficiar de alguma
benevolência da troika (todas as metas do memorando foram revistas) e da cornucópia
monetária do BCE. Pôs o Estado a financiar-se outra vez no Mercado das
Obrigações. Acima de tudo, conservou Portugal no euro, o que em 2012 quase
ninguém julgava provável. Mas mais: permitiu ao governo alemão tratar a Grécia
como um caso isolado, em vez de como outra prova de que a zona euro hospedava
um conjunto de países condenados a um despejo litigioso.
Mas tão importante como
isso para Costa, Passos carregou sozinho o “fardo da liderança” (célebre
expressão de Vítor Gaspar) do ajustamento. Deu assim ao PS a opção de descartar
todas as responsabilidades. O partido do PEC4 pôde disfarçar-se de partido
anti-austeridade; o partido da reforma da segurança social de 2007 teve a
oportunidade de fingir que os “direitos adquiridos” eram sagrados. Foi desse
modo que o PS se fez “alternativa”, tirou oxigénio a outros protestos, e
escapou a um percalço igual ao de 1985, quando perdeu metade dos votos depois
do ajustamento que então teve de dirigir.
As “posições conjuntas”
de Costa com o BE e o PCP são a melhor homenagem a Passos Coelho. Se Passos
tivesse falhado, Costa não teria combinado reposições com o PCP e o BE, mas os
novos cortes do segundo resgate. Mais: o PS teria sido provavelmente obrigado a
participar no governo durante o ajustamento, e não estaria agora em condições
de abraçar comunistas e bloquistas.
Passos deixou à “maioria
de esquerda” a sua suposta causa comum: o Estado social. Durante anos, os
partidos da nova maioria clamaram que o governo de Passos destruíra a escola
pública e aniquilara o sistema nacional de saúde. É por isso curioso que em
nenhum lugar das posições conjuntas apareçam as grandes medidas para restaurar
a escola pública ou o SNS. E não aparecem, porque nem a escola pública, nem o
SNS foram destruídos. E não foram destruídos, porque não houve bancarrota, que
teria sido, essa sim, a sua aniquilação. O “Estado social” não vive só de
ideologia. Vive também das boas contas.
Costa falou ontem de um
“projecto mobilizador do país”. Como? Este é o primeiro chefe de governo desde
1976 que foi derrotado e rejeitado em eleições. Estes são ministros e
secretários de Estado oriundos, na sua maioria, de um governo que levou o país
à bancarrota e cujo líder é hoje arguido de crimes graves. Este é um governo
dependente do Partido Comunista e do Bloco de Esquerda, que já conseguiram
desfazer o esforçado plano de Mário Centeno. O que pode haver aqui de
mobilizador, a não ser para o Partido Comunista, que já vê entretanto “razões
acrescidas para a mobilização”? É esta a mobilização que convém a um governo
que Costa caracteriza como “moderado”?
O facto é que a única
base positiva da actual situação política é a herança do anterior executivo,
que poupou o país à bancarrota e à saída do euro. Essa é a pedra sobre a qual
Costa tentará agora inventar alguma “normalidade”. O presidente da república
agradeceu a Passos Coelho. Costa não agradeceu. Mas bem que podia ter
agradecido”.
Como afirmou Paulo Portas,
em síntese, numa intervenção
comemorativa dos 40 anos do 25 Novembro, na Amadora: “Recebemos um Portugal em
resgate, entregamos um Portugal sem resgate. Recebemos um Portugal com a
troika, entregamos um Portugal sem troika. Recebemos um Portugal na bancarrota,
com o esforço dos portugueses o que temos hoje é um Portugal credível.
Recebemos um Portugal em recessão, conseguimos, com os parceiros sociais, levar
Portugal a um ciclo de crescimento económico. Recebemos um Portugal cujo
prestígio no mundo estava reduzido a pó e aquilo que entregamos é um país que é
respeitado no mundo por ter superado uma crise dificílima”.
A finalizar, uma palavra para o Presidente da República. Em toda a crise foi o único que teve razão. O tempo o dirá; daqui a um ano falamos.
A finalizar, uma palavra para o Presidente da República. Em toda a crise foi o único que teve razão. O tempo o dirá; daqui a um ano falamos.
Sem comentários:
Enviar um comentário