segunda-feira, 19 de outubro de 2015

O Poema do Pedinte * - Abílio Bastos


O Poema do Pedinte *

Deixem passar o poema do pedinte!
Não lhe coloquem escolhos onde tropece,
Se ele só junta frases que conhece
E nunca abandona as palavras do seguinte!

Atira-as para o ar, em remoinho,
Deixa  que o vento as afague com ternura
E destiladas pelas nuvens em água pura,
Vão matar a sede a alguém noutro caminho.

São relâmpagos de sonhos construídos,
Em pensamentos nobres mas ousados,
Porque são tantos os cérebros cansados
Que partiram com inventos bem vestidos.

*Abílio Bastos, Inédito

Jorge Lage
O Abílio teve uma vida dura, mas gostava de aprender novas matérias na Escola. Terminada a 4.ª classe os meninos e meninas que tinham posses foram para o Colégio de Refojos – Cabeceiras de Basto. Ele contentava-se, numa dor d’alma, em se sentar no muro em frente ao Colégio a chorar por os pais serem pobres e não lhe poderem pagar os estudos. Depois, foi ganhar a vida a plantar árvores na floresta, na arte de carpinteiro, na vida militar em Timor, por França e América. Os poemas surgiram-lhe em momentos excepcionais, mais entre os 13 e os 18 anos e caíam-lhe como folhas. Retém a maioria dos poemas na memória e recita-os com facilidade.


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