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Convívio na aldeia de Chelas em 10 de Junho último –
O ilustre mirandelense, Cónego Silvério Pires, pastor máximo da minha aldeia,
desde Novembro, p.p., foi-me convidando para estar na inauguração das obras da
Igreja, que não pude. Nos convites sentia sinceridade e amizade e devo-lhe
gratidão. Como não pude estar na inauguração, continuou a fazer-me convites
para eu visitar as obras de restauro. Em Maio, recebi a proposta da amiga, M.ª
Gentil Vaz, para se fazer um convívio gastronómico-cultural em Chelas.
Afinou-se a data e escolheu-se o livro, «Falares de Mirandela», por referir a
minha aldeia em duas dúzias de páginas. Não foi fácil para mim. Mas, foi um
sucesso porque a Igreja de Santa Maria Madalena se abriu à cultura e encheu-se,
para escutar o orador, Cónego Silvério. Referiu que «a cultura é a alma das
pessoas» e que «os filhos (da aldeia) fazem parte da história da terra».
Comparou o meu regresso, à minha aldeia, com o de Miguel Torga a S. Marinho
d’Anta, lendo o emotivo poema, «Regresso» (do Poeta da Montanha) e senti que
estava a viver um momento sagrado que não sei bem onde acaba o meu chão e
começa o meu corpo. A minha alma fez o «Traço de União» entre os dois. Lembrou,
ainda, o Cónego Silvério: «para quê ir buscar alguém de fora, se temos cá?». E
foi dizendo que «é a falar que a gente se entende»: «na Aldeia bordada de
xisto». Os livros voaram. Mais importante é que o livro fique nas mãos das
pessoas e amanhã possam recordar palavras ou expressões de todos nós e se
orgulhem da nossa memória imaterial rural, chapa matricial da nossa cultura.
Comida não faltou e a bailação ajudou. Para quem se levantou pelas 05H30 da
manhã, estava com receio de não ter forças para a viagem de regresso. No final,
depois de retemperar as forças e olhar para trás, senti-me um privilegiado, e
agradeço ao Cónego Silvério, à M.ª Gentil, à gente da minha terra e aos amigos
pelos momentos mágicos. Obrigado!
Jorge Lage
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