Jorge Lage |
Sugeriu-me o Jerónimo Pinto para
falar do muito trabalho voluntário que faço há mais de 20 anos nos Clubes da
Floresta das Escolas do Distrito de Braga. Projecto que desenvolvo com grande
qualidade e que se tornado único nos eventos escolares que promovem o Ambiente
e a Floresta. A oito de Maio foi o XIV e o II Regional do Noroeste.
Á venda na Livraria Minho, em Braga |
Mas, conversa de voluntário à
parte, entendo que devo lembrar os tempos de Maio, porque este mês dita o que
vai haver todo o ano.
Respigando, do meu livro «As
Maias entre mitos e crenças», que está quase esgotado (ainda deve haver dois ou
três esquecidos em livrarias. Por isso, já posso falar mais sobre ele.
A etimologia da palavra «Maio»
está ligada à celebração da festa das Maias, em honra da deusa Maia, a «Bona
Dea», que se evocava para celebrar a fertilidade, a terra e as flores.
Alguns eruditos defendem que este
mês era consagrado aos anciãos, aos mais velhos, denominados em latim
«majorum».
O mês de Maio, já na longínqua
Fenícia, era propício à folia intensa, a Primavera estava pujante e permitia
excessos. lminho@livrariaminho.pt
As Florálias eram dos festejos
mais desregrados e licenciosos, que os romanos celebravam, não havendo «festa
nem festança onde não entrasse a Dona Constança». Um festim opíparo, Ouvindo-se
as vozes críticas de alguns moralistas.
A festa do Maio ou das Maias,
entre nós, a exemplo de Roma deu azo a desmandos que levou D. João I a
proibi-la, por carta régia de 14 de Agosto de 1402. Dizia: «que não cantassem
maias, nem janeiras, e outras coisas que eram contra a Lei de Deus».
Consistia na coroação duma jovem
de tenra idade, até aos 12 anos, eleita a maia e coroada de flores, a qual
presidia assentada num trono vestida de branco e ajeitada de jóias, flores e
berloques, em cuja presença o poviléu dançava desenfreadamente noite dentro. O
álcool e o sangue corriam a jorros pelas vielas e cada ruela queria ter a Maia
mais festiva, numa atmosfera leviana, lasciva e dissolvente dignas de um César.
Impunha a tradição imemorial que
no 1.º de Maio as pessoas madrugassem de céu negro a fim de evitar «que o Maio
as encontrasse na cama», sendo as portas e janelas, bem como os carros
agrícolas enfeitados com flores, mais de giestas de cor amarela, as maias.
Este quinto mês já foi terceiro
no mais primitivo calendário romano, sendo reformulado por Numa Pompílio.
Passou a «Quintilis», ou «quinto mês», e mais tarde chamou-se «Maius».
As celebrações, usos e costumes
de Maio, foram cristianizadas, consagrando a religião católica este mês a
Maria, Mãe de Jesus.
Provérbios:
Depois
de Maio, lampreia e sável, dai-o.
Favas,
Maio as dá, Maio as leva.
Quem
tarde vier come do que trouxer.
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