sábado, 9 de maio de 2015

O Dia da Mãe no Monte Farinha


Por: Costa Pereira
Portugal, minha terra.
 O Dia da Mãe que em Portugal era festejado a 8 de Dezembro, dia da Imaculada Conceição, passou a ser celebrado no 1º domingo de Maio. Se por Maria mais fácil se chega a Jesus, este mês da flores é também por isso muito mariano e a seu tempo o padre Correia Guedes, enquanto pároco de São Pedro de Vilar de Ferreiros, o escolheu para dar início à época forte das festas e romarias no alto do Monte Farinha, dotando-o com celebração de Missa dominical, às 18h00, desde Maio até meados de Outubro. Seguindo- lhe os passos, o novo pároco, Sr. Padre João, acrescentou agora mais uma louvável iniciativa, a de festejar o Dia da Mãe no dia próprio e à mesma  hora, desta vez com Missa concelebrada pelo Sr. padre Guedes.

Para o efeito convidou todos os paroquianos a subir ao “Iteiro da Senhora” e ali sob protecção da Anfitriã celebrou a  Eucaristia que nesse domingo, 3 de Maio, foi a única celebração dominical pois pediu aos paroquianos  para o dispensar de celebrar a missa na igreja matriz e juntos tomassem todos parte na participada eucaristia que no santuário de Nossa Senhora da Graça o coro da aldeia de Vilarinho abrilhantou, e as mães tiveram ali a sua memória bem realçada em sentimento e ramos de flores. Um bom ensaio para primeira grande festa deste ano, que é já no próximo dia 24, Festa da Ascensão do Senhor, embora em Domingo de Pentecostes.


 Mas também o dia há muito que deixou de ser festejado em 5º-feira de Ascensão. Por tudo, parabéns ao Pároco, Padre João Paulo; e também em jeito de homenagem saúdo todas as mães do mundo, com este poema maravilhoso de Guerra Junqueiro:

“Minha Mãe, Minha Mãe!
Minha mãe, minha mãe! ai que saudade imensa,
Do tempo em que ajoelhava, orando, ao pé de ti.
Caía mansa a noite; e andorinhas aos pares
Cruzavam-se voando em torno dos seus lares,
Suspensos do beiral da casa onde eu nasci.
Era a hora em que já sobre o feno das eiras
Dormia quieto e manso o impávido lebréu.
Vinham-nos da montanha as canções das ceifeiras,
E a Lua branca, além, por entre as oliveiras,
Como a alma dum justo, ia em triunfo ao Céu!...
E, mãos postas, ao pé do altar do teu regaço,
Vendo a Lua subir, muda, alumiando o espaço,
Eu balbuciava a minha infantil oração,
Pedindo ao Deus que está no azul do firmamento
Que mandasse um alívio a cada sofrimento,
Que mandasse uma estrela a cada escuridão.
Por todos eu orava e por todos pedia.
Pelos mortos no horror da terra negra e fria,
Por todas as paixões e por todas as mágoas...
Pelos míseros que entre os uivos das procelas
Vão em noite sem Lua e num barco sem velas
Errantes através do turbilhão das águas.
O meu coração puro, imaculado e santo
Ia ao trono de Deus pedir, como inda vai,
Para toda a nudez um pano do seu manto,
Para toda a miséria o orvalho do seu pranto
E para todo o crime a seu perdão de Pai!...
(...)
A minha mãe faltou-me era eu pequenino,
Mas da sua piedade o fulgor diamantino
Ficou sempre abençoando a minha vida inteira,
Como junto dum leão um sorriso divino,
Como sobre uma forca um ramo de oliveira! “.


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