segunda-feira, 27 de abril de 2015

Memórias do 25 das promessas


Por: Costa Pereira
          Hoje o Tiago está no Carmo a recolher e coordenar testemunhos do 25 de Abril de 1974, e convidou-me para ir lá contar o que vi e sei desse histórico acontecimento. Entendi declinar o convite porque certamente ia dizer ali coisas que alguns telespectadores não gostavam e por isso não vou. Dei-lhe algumas dicas do pouco que sobre o assunto escrevi e divulguei por diversos jornais, e ultimamente até online já abordei o assunto
         Para dizer que  “Toda história está deturpada, há-de reparar que logo ao falar-se do dia 25 de Abril ninguém fala do Coronel Rameiras, o Comandante de Cavalaria 7, que saiu com os blindados para o Terreiro do Paço e acabou por não fazer uso da força. Regressando ao quartel.Se o tivesse feito era um banho de sangue, ainda voltou ao quartel e só depois foi detido por um alferes. Era um grande amigo de Costa Gomes e  por isso nunca lhe perdoou o não o ter informado. Só que o Costa Gomes à data devia sabia tanto como eu. Nada. Mas ninguém fala nesta passagem porque não assistiram a ela. Eu assisti por casualidade e fui o único além dos intervenientes na operação. Isto, porque nesse dia, e a essa hora, (umas 06h20) tinha me comprometido a ir a Santa Apolónia esperar um meu conterrâneo que vinha da terra, e ao chegar à porta de Cavalaria 7, Calçada da Ajuda, dei a baixo com aquele espectáculo dos blindados a sair para a rua e comandante a barafustar, deixou-me passar por ser conhecido, mas da Praça do Império não passei porque não houve transportes”.
          Também por ocasião do falecimento do Marechal Spínola que foi o XVº Presidente da Republica Portuguesa, escrevi e relatei como vi e vivi o 25 de Novembro: “Nasceu em Estremoz  a 11 de Abril de 1910 e faleceu em Lisboa a 13 de Agosto de 1996. Autor de "Portugal e o Futuro", o Marechal Spínola é quem dá os primeiros sinais de que está para breve a queda do nosso domínio em território ultramarino. O que também lhe valeu por isso ser escolhido pelos "capitães de Abril" para seu "escudo" na hora das aflições... Mas por pouco tempo, dado que  Vasco Gonçalves tinha no então General  Costa Gomes mais confiança e fé...Na véspera em que Spínola tomou posse como presidente passei pelo Palácio de Belém e dei do ilustre militar as melhores referências a quem as pediu e com ele ia trabalhar. Era civil, não era o meu amigo General Manuel Monge. Do 25 de Novembro só recordo que o facto de hoje estar vivo é um autêntico milagre, que o diga quem ao meu lado, no 2º Escalão das OGME, na Calçada da Ajuda, assistiu à tomada do Quartel de Lanceiros 2, pelos briosos soldados do Coronel Jaime Neves, e que no ataque só por sorte me não atingiram mortalmente, que nada tinha a ver com a intervenção. Não foi por isso, mas  muito cá para nós, talvez por isso, eu tenha ficado satisfeito quando mais tarde fui condecorado com a medalha de D. Afonso Henriques, Patrono do Exercito. Se o 25 de Novembro se não tivesse dado, Portugal não seria o mesmo que é hoje, se melhor ou pior deixo ao critério dos leitores". O meu testemunho 41 ano depois~.




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