Funcho
Caros Colegas!
Tomo a liberdade de vos enviar mais um texto simples e interessante sobre as propriedades do «Funcho» e que na minha região se chama «Fiolho».
Tenho saudades de comer uns chícharros cozidos com fiolho que a minha mãe cozinhava no pote de ferro, ao lume crepitante da lareira. Regado com azeite das oliveiras que o meu pai e o meus avós plantaram (ainda é desse azeite que como ou temperamos na cozinha) e acidulado com umas gotas de vinagre de vinho. A acompanhar podiam ser umas azeitonas curadas na tanha, um ovo cozido, uns pimentos ou tomates de vinagre ou um pedaço de alheira assada na grelha à lareira.
Afinal, como a maioria das plantas silvestres têm muitas virtudes.
O texto anexo é do ilustre amigo «Miguel Boieiro».
Saudações,
Jorge Lage
Assunto: O funcho
o protagonista da habitual lição de fitoterapia. É que às 16 horas haverá também uma "oficina" na Biblioteca dos Coruchéus e os participantes irão saborear um "chá" de funcho da minha própria produção.
Abraços!
Miguel
Veio-me este considerando à baila
porque me lembrei do Funchal, a bela capital da “Pérola do Atlântico” e do
provável grande número de pessoas que não a associam ao funcho. Pois é: quando
os primeiros colonizadores chegaram ao sítio, havia (e ainda há) grande
quantidade de funcho. Naturalmente até já provaram os famosos rebuçados de
funcho que se vendem na Madeira, ao mesmo tempo tão saborosos e tão bons para a
rouquidão. Mas não nos dispersemos!
O Foeniculum officinale L. pertence à família das Umbelíferas ou apiáceas que, devido à configuração
das suas panículas florais, é uma das famílias botânicas mais fáceis de
identificar. Trata-se de uma planta aromática com imensas variedades e
hibridações (o funcho da Madeira não é exactamente o mesmo do que o continental),
sabiamente utilizada desde que a espécie humana surgiu na Terra.
Julga-se que o funcho silvestre é
originário da Europa meridional, mas hoje, as suas variegadas espécies
cultivam-se em todas as regiões temperadas e subtropicais. Dá-se bem em todos
os solos, mas prefere os terrenos calcários e secos bastante ensoalhados.
É herbácea perene com múltiplos
caules rectos canelados que podem ir até dois metros de altura, de cor verde
mais ao menos azulada (glauca), consoante a secura e a radiação solar. A raiz é
esbranquiçada, suculenta, fusiforme e alongada, da grossura de um dedo. As
folhas são compridas, alternas e delgadas, terminando em segmentos filiformes
flexíveis. As inflorescências formam umbelas de 20 a 50 pequenas flores
amarelas, hermafroditas e polinizadas por insectos. Elas geram frutos oblongos
ou sementes de forte aroma anisado, que não têm mais do que 8 mm de comprimento e 3 de
largura.
Na constituição química do funcho
podemos encontrar hidratos de carbono, fibras, cálcio, fósforo, sódio,
potássio, magnésio, pró vitamina A, vitamina C e anetol que é um óleo
essencial. Anote-se que as percentagens de cada constituinte dependem muito de
cada variedade e das condições climatéricas.
O funcho é um legume cotadíssimo
em culinária, sendo utilizado de muitas maneiras. Pessoalmente, prefiro uma variedade
denominada “funcho de florença” que é mais doce do que aquele que se encontra
vulgarmente à beira dos caminhos. As suas folhas perfumam magistralmente a sopa
de vegetais e as sementes pulverizadas compõem uma agradável especiaria
condimentar.
Existe também uma espécie provida
de bolbo que é muito apreciado, recheado e assado, como entrada vegetariana.
A gastronomia chinesa usa o funcho
com frequência, mas são os italianos os grandes mestres da culinária do funcho.
Naturalmente que, como planta
provida de óleo essencial fortemente aromático, também a perfumaria tira
partido das várias espécies de “Foeniculum”.
Sob o ponto de vista medicinal, o
funcho é referido como anti espasmódico, aperitivo, digestivo, emenagogo,
expectorante, galactagogo, tónico, vermífugo e vulnerário. Por isso, é indicado
para tratar aerofagias, bronquites, diarreias, frigidez, impotência, falta de
lactação, meteorismo, obesidade, rouquidão e tosses.
Algumas receitas:
Para gases intestinais – cozimento
de 30g de sementes num litro de água. Beber o “chá” a seguir às refeições;
Para a bronquite – infuso, durante
cinco minutos, de 50g de folhas secas num litro de água a ferver. Beber duas
chávenas por dia;
Para aumentar a secreção do leite
materno – infuso, durante 10 minutos, de 30g de sementes num litro de água a
ferver. Beber quatro chávenas diariamente.
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