Por Frederico Duarte Carvalho
A pluma de Bilderberg
Clara Ferreira Alves assina hoje uma crónica no "Expresso" intitulada “Por um exército europeu”. Defende que a Europa “precisa de uma força militar. Um exército europeu, exactamente. Precisa de Forças Especiais europeias em vez de nacionais”. A cronista da “Pluma caprichosa”, que não precisa de ter carteira profissional de jornalista para assinar entrevistas no mesmo “Expresso” – como as que fez a José Sócrates, Carlos Cruz e a que faz hoje a Fernando Ulrich – ou reportagens – como a aquela recente em Detroit, (não é verdade, Comissão da Carteira Profissional de Jornalistas?) – foi uma das convidadas dos encontros do Grupo Bilderberg (2011, na Suíça). É importante referir isto para perceber os argumentos usados pela pluma da cronista. “Henry Kissinger, o velho sapo, emergiu das brumas para dar opinião sobre a ordem mundial”, é assim que começa a crónica. Os caprichos desta vida levam-nos assim a constatar que as reuniões do Grupo Bilderberg são assistidas e promovidas pelo “velho sapo” e por alguns dos seus amigos, entre os quais se encontra o Dr. Balsemão, o homem que é dono do "Expresso", convidou Clara Ferreira Alves para o encontro na Suíça e paga-lhe as crónicas, entrevistas e reportagens – sem esquecer a presença semanal no programa “Eixo do Mal”, na SIC. Então, essa mesma Clara Ferreira Alves que nunca escreveu uma linha sobre o encontro de Bilderberg onde supostamente esteve com Henry Kissinger, o que nos diz ainda sobre o amigo do patrão? Mimoseia-o apenas como aquela do “velho sapo” e fica-se por aí? Não. Vai mais longe. Muito mais longe. Escreveu: “Quando o velho sapo fala fico arrepiada, mesmo que lhe aprecie a inteligência e a lucidez. O velho sapo tem um passado terrível, como o grande Christopher Hitchens escreveu em ‘The Trial of Henry Kissinger’. Kissinger é, para todos os efeitos, um criminoso de guerra. Daqueles que nunca se sentarão nos bancos de Haia”. Não podia concordar mais com Clara Ferreira Alves. Conheci Christopher Hitchens pouco tempo antes de ele descobrir que tinha cancro. Falámos na Casa Fernando Pessoa, onde lhe expliquei como o suposto caso do tráfico de armas norte-americanas para o Irão, em 1980, que impediu a libertação dos diplomatas reféns em Teerão e a reeleição de Jimmy Carter, passara por Lisboa, com Kissinger envolvido na história. Sim, eu sei que Hitchens sabia de Kissinger nesse negócio em Lisboa. Mas, Hitchens já morreu e, por muito plumitiva que seja a caprichosa, há coisas que se topam à distância. Bem que pode ela citar o nome de um “grande” para esconder a sua pequenez, pois muito que critique o “velho sapo”, sabemos bem o que pretende. E isso é claro ao defender a criação de um exército europeu: ser cúmplice do tal “criminoso de guerra”.
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