11/03/2015
11 de Março 40 anos depois
por: Carlos Carreiras
A história dá-nos a resposta: passam
precisamente 40 anos sobre outro 11 de Março, o de 1975, que marcou o início do
sequestro do país por um bando de radicais de extrema-esquerda
Schumpeter dizia que se os homens
fossem anjos os governos não seriam necessários. Os homens são imperfeitos. E a
política é o espelho dessa eterna imperfeição. Passos Coelho, há uma década,
não cumpriu todos os seus deveres com a previdência. As justificações são
conhecidas: uma dupla falta, de dinheiro e de domínio da lei, deu origem a um
caso que só o é por quem é. Isto não é desculpa, são factos comuns a centenas
de milhares de cidadãos. Coisa bem diferente é assumir-se que a falta de
dinheiro e a falta de conhecimentos da lei são incompatíveis com a honestidade
e com a competência.
Passos Coelho é um homem sério e
competente, apesar das suas falhas banais como cidadão – a dimensão da falha
são 70 ou 80 euros por mês durante quatro ou cinco anos, que gerou um montante
em dívida que em tempos um governo socialista prescreveu. Passos Coelho pode
ter errado como contribuinte no passado (quem não errou que atire a primeira
pedra). Mas não falhou ao país como governante no presente. E é isso que as
forças que o criticam tão ardilosamente, e a quem os olhos brilham com
episódios como o da Segurança Social, não perdoam: que Passos Coelho tenha, à
custa do desmantelamento dos poderes instalados, democratizado a economia
dando-lhe condições para crescer; reduzido o desemprego e credibilizado
Portugal no exterior pondo as finanças públicas em ordem. Passos Coelho
devolveu a Portugal e aos portugueses um horizonte de esperança. Continua a ser
o único líder partidário capaz de assegurar um futuro que fundamente a prosperidade
na estabilidade e no realismo.
Isto faz de Passos Coelho o ódio de
estimação da Velha Ordem, essa casta de privilegiados que nasceu e cresceu à
sombra do regime e das suas benesses. Foi essa Velha Ordem que apostou todas as
fichas no fracasso de Passos Coelho. Quando a legislatura começou, eles diziam
que Portugal falharia estrondosamente e não escaparia a um segundo resgate.
Devagarinho, o país pôs-se de pé. O sonho de um segundo resgate desaparece mas
a Velha Ordem apressa-se a prescrever um programa cautelar. Mas o país começa a
caminhar e a Velha Ordem, meio perdida, inventa uma espiral recessiva
inescapável e a necessidade de renegociar uma dívida que começava a ser paga.
Mesmo com a economia a crescer, com o país a financiar--se às mais baixas taxas
da sua história, com a taxa de desemprego a registar a quebra mais rápida da
UE, com a realidade a desmentir um a um todos os tribunos da Velha Ordem, eles
insistiram em levar-nos para o abismo. E num último e desesperado movimento
destinado a armadilhar Passos Coelho, e o país, exigiram solidariedade
manifesta com o revolucionário governo de Atenas. Houve um tempo em que esta
gente que teve elevadas responsabilidades desiludiu o país. Desta vez só se
desiludiram a si mesmos.
Despidos de propostas políticas, e a
reboque da extrema-esquerda, os discípulos da Velha Ordem olharam para os erros
pessoais de Passos Coelho numa vida passada como a última oportunidade de
assaltar o poder. Para quem ainda não deu a devida atenção ao calendário, hoje
é 11 de Março. E daí? A história dá-nos a resposta: passam precisamente 40 anos
sobre outro 11 de Março, o de 1975, que marcou o início do sequestro do país
por um bando de radicais de extrema-esquerda. Tentaram utilizar a janela
democrática para substituir um governo totalitário por outro de sinal
contrário. A extrema-esquerda de 2015 deixou cair as armas. Mas tal como há 40
anos contínua perigosa e não desistiu de sequestrar o país. Como para eles a
democracia é um meio para alcançar o poder, e não um fim em si mesma, os
radicais de esquerda têm gerado um ambiente de intolerância, calúnia e
hostilidade dirigidos a Passos Coelho e ao seu governo – tácticas que o PSD
conhece bem da sua história. O Partido Socialista, um partido fundador da nossa
democracia, dá sinais, tão surpreendentes como preocupantes, de ter abandonado
o campo das forças moderadas. O PS de António Costa, neste como noutros casos,
caminha de braço dado com a extrema-esquerda radical. Marx estava cheio de
razão: “A história repete-se, primeiro como tragédia e depois como farsa.”
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