As
declarações de Mário Soares à saída da prisão de Évora e a carta de José
Sócrates enviada à TSF são cenas de um mesmo filme. Que está a atingir foros
demenciais.
A
meu ver, a carta de Sócrates é um acto de desespero. Ao desafiar abertamente a
Justiça, dispensando o apoio do PS, Sócrates assume-se como um D. Quixote que
pensa: «Já que estou condenado, vou partir a louça toda». Se Sócrates visse
alguma possibilidade de vir a ser inocentado, reagiria com cautela e não assim.
Ele pode ser colérico mas não é louco.
Por
outro lado, este gesto dá razão à prisão preventiva. Se, mesmo preso, Sócrates
faz coisas destas, afronta a Justiça, agita a opinião pública, o que não faria
se estivesse em liberdade?
As
declarações senis de Soares e a carta desesperada de Sócrates são episódios de
um filme muito triste – e de um tempo que, espero eu, esteja mesmo a chegar ao
fim.
jas@sol.pt
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